Tão divertido quanto filosófico, um dos filmes mais assistidos da história está na Netflix

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Atualmente a oitava maior bilheteria de todos os tempos de Bollywood, “PK” é um longa-metragem de 2014, dirigido e escrito por Rajkumar Hirani. O enredo narra a história de dois estranhos que se tornam amigos improváveis. PK (Aamir Khan) é um alienígena enviado para a Terra para investigar a humanidade. Assim que é deixado por sua nave no planeta, ele tem seu item mais importante furtado: um controle-remoto com função de pedir para seu povo buscá-lo. Depois de um tempo, ele conhece Jaggu (Anushka Sharma), uma jovem que teve seu coração partido recentemente, após se apaixonar por um rapaz paquistanês. Ela o ajudará a encontrar uma forma de voltar para casa.

A primeira parte do filme se dedica a contar sobre Jaggu. Como ela se apaixona por Sarfaraz Yusuf (Sushant Singh Rajput), como as famílias de ambos se decepcionam pelas diferenças culturais e religiosas e como o rapaz decide não se casar com ela e termina o relacionamento por meio de uma carta, em que ele a pede para não o procurar mais e destaca que suas famílias jamais conviveriam bem.

Já a segunda parte mostra a trajetória de PK para tentar encontrar uma forma de voltar para casa e tudo o que ele conhece da humanidade em seu breve período na Terra. O que PK mais aprende com os humanos é sobre religião e sobre como os deuses se tornam, muitas vezes, a última esperança das pessoas. Assim acontece com ele próprio. PK acredita que os deuses podem ajudá-lo a voltar para casa, mas sua visão de mundo é bastante ingênua e literal. Quando suas orações não são atendidas, ele se desespera e acredita que a bateria da imagem de escultura acabou, que as entidades estão desaparecidas ou que uma pessoa fantasiada na rua é realmente Shiva.

Quando vê seu controle remoto exposto em um evento religioso, tenta recuperá-lo e acaba preso. É quando tem a oportunidade de contar tudo a Jaggu, que acredita que ele é algum tipo de lunático e que está fantasiando. Conforme busca na religião a solução para seu problema, PK percebe que os deuses não existem e que “gestores da fé” manipulam as crenças para atingir seus objetivos e controlar as pessoas.

Quando “PK” foi lançado, grupos hindus apelaram à Suprema Corte da Índia para que o filme fosse retirando do ar, argumentando que a história ridicularizava a religião. Felizmente, a Justiça negou a apelação e as exibições da produção prosseguiram. Uma grande vitória para um país tão religioso, onde praticamente 100% da população é declaradamente fiel de alguma crença, sendo 80% desses fiéis, hindus. Até em países como Estados Unidos e Brasil, uma produção com esse teor teria fortes repercussões. É um grande avanço, e mérito da Sétima Arte e da cultura em geral, levantar questões sobre o tema e despertar o pensamento crítico no público.

Um grande sucesso de audiência e crítica, a comédia surreal e inusitada não serve apenas para agradar e fazer rir, mas para revoltar, provocar e fazer pensar. O longa-metragem não foi apenas um sucesso na Índia, mas em todo mundo, lucrando 130 milhões de dólares de bilheteria. Na época do lançamento, o filme bateu recorde de arrecadação na China. Vale ressaltar que desde 2020, o país é a maior responsável pelos ganhos da indústria cinematográfica, sendo o lugar em que a população mais frequenta salas de cinema.


Filme: PK
Direção: Rajkumar Hirani
Ano: 2014
Gênero: Comédia/Drama
Nota: 8/10