Romance na Netflix vai mudar seu jeito de enxergar a vida Divulgação / Netflix

Romance na Netflix vai mudar seu jeito de enxergar a vida

Dani de la Orden é um cineasta espanhol de apenas 33 anos e uma média de um filme por ano, desde que lançou seu primeiro longa-metragem, “Noite de Verão em Barcelona”, em 2014. Em uma entrevista, ele explica que para ser tão prolífico é preciso focar em apenas um trabalho e fazê-lo bem-feito. Por isso, ele não escreve roteiros, apenas dirige seus filmes. “Loucura de Amor”, de 2021, foi escrito por Natalia Durán e Eric Navarro, mas o roteiro foi inspirado pelo próprio Dani, que decidiu gravar algo sobre uma mulher cujo estado mental decidiu investigar durante uma visita a uma clínica psiquiátrica.

“Loucura de Amor” é sobre dois jovens que se conhecem, Adri (Álvaro Cervantes) e Carla (Susana Abaitua). Cervantes e Abaitua atuaram juntos também no mais recente “Amor ao Primeiro Beijo”.  Após uma noite incrível de paixão e travessuras, Adri levou uma flechada do cupido e não conseguiu esquecer Carla, que o avisou que o romance seria por apenas uma noite. Após ela ir embora apressadamente, ele percebe que Carla deixou para trás sua jaqueta. Sem notar o bolso interno, ele procura pela roupa qualquer pista sobre sua identidade e paradeiro. Durante semanas, Adri está obcecado e desiludido. Ele só consegue pensar em Carla e na noite romântica e inesquecível que viveram juntos.

Até que com ajuda de dois amigos, ele descobre o bolso interno da jaqueta, que tem um papel escrito o nome completo de Carla e o lugar onde ela está. Para sua surpresa, é um hospital psiquiátrico. Ele tenta visitá-la, mas não o autorizam. Então, Adri forja um diagnóstico médico que requer sua internação, para que possa entrar na clínica e ficar perto de Carla.

Para sua decepção, ela não tem interesse nele. Carla é diagnosticada com transtorno bipolar e está focada em melhorar suas condições mentais antes de se envolver seriamente em um romance com qualquer pessoa. Adri, então, tenta deixar a clínica, mas é tarde demais. Todos estão convencidos de que ele tem problemas psiquiátricos que exigem tratamento. Para conseguir sair, ele precisa convencer a todos, funcionários e pacientes, de que está apto. Então, enquanto passa um tempo na clínica, acaba fazendo amizade com outros pacientes e descobre o quão incríveis eles são.

Entre eles, está Saul (Luis Zahera), que é colega de quarto de Adri. Ele tem diagnóstico de esquizofrenia e sofre muito por estar afastado e ser considerado um risco para sua própria filha, que ainda é uma criança. Também há Marta (Aixa Villagrán), que tem síndrome de Tourette e, por isso, sofre de depressão. Ela é apaixonada por Vitor (Nil Cardoner), um rapaz com Transtorno Obsessivo Compulsivo (Toc). Adri tenta ajudá-los a ficar juntos. E há outra paciente, Tina (Txell Aixendri), que tem delírios e acredita ser uma princesa.

O filme não tem muito tempo para se aprofundar nos personagens secundários, exceto por Saul, cujo arco é bastante desenvolvido. Mesmo assim, Dani de la Orden tenta lidar com todos eles de forma bastante empática e humanizada, mostrando quem são as pessoas e as emoções por trás dos diagnósticos. Mas é preciso dizer que ainda o incomum é usado como ferramenta de humor.

Inspirado por filmes, como “Amor e Outras Drogas” e “O Lado Bom da Vida”, de la Orden quis mostrar o que acontece com os romances quando os casais passam da fase do encantamento e precisam encarar os problemas reais da relação. Não apenas aqueles de convivência, mas também quando as personalidades são reveladas para além da paixão à primeira vista.

Além disso, a proposta do diretor é mostrar que os transtornos mentais e doenças psiquiátricas não são frescura e não dependem de quem as têm para serem curados. Muitas vezes, pessoas com depressão ou transtorno bipolar, por exemplo, sofrem preconceito e ouvem outros dizerem que elas “só precisam ser mais positivas” ou orar mais para que tudo passe. Não é bem assim. A cura não depende de fatores tão rasos. O filme mostra que também que quem se propõe a conviver com pessoas que possuem transtornos ou doenças mentais precisam estar cientes de que nem tudo será como eles esperam e que é preciso ter paciência.

“Loucura de Amor” é um filme cheio de clichês, mas que ao mesmo tempo nos fazem sentir conforto e aconchego. Não são aqueles ruins que tornam os filmes genéricos e mornos. Essa produção espanhola é bastante especial e vai trazer leveza e reflexão para quem assistí-lo.


Filme: Loucura de Amor
Direção: Dani de la Orden
Ano: 2021
Gênero: Romance/Comédia/Drama
Nota: 8/10