Manual de autoajuda para deputados

Manual de autoajuda para deputados

Se conselho fosse deputado, o povo não dava, comprava.

De gente boa, o plenário e o inferno estão lotados.

O que outras pessoas pensam de ti — embora seja a mais pura verdade — não é da conta deles, mas sim, da polícia federal.

Não leves as escutas telefônicas tão a sério. Sem a devida autorização judicial, valem menos que discurso de vice-presidente num feriado da Independência.

Se não puderes destacar pelo talento, bajula os vaidosos, cria uma ONG de fachada ou arruma um cargo comissionado no governo.

Se alguém esbofetear a tua face esquerda, oferece a ele um cruzado de direita bem no queixo.

Sê frio e calculista: se deputados lessem poesia, não seriam deputados. Para parlamentares homofóbicos de verdade, a meiguice é pura viadagem.

A pressa é inimiga da votação secreta. O conchavo é um prato que se come frio.

Cavalo dado não se olha os dentes. Aceita o agradinho, que é de bom coração.

Põe tento. Contas secretas num paraíso fiscal engordam é com o olhar do dono.

Político velho não mete a mão em cumbuca.

Plenário cheio é oficina do diabo.

Sossega. A cassação não chega na véspera.

A mão que balança o berço é a mesma que recebe um terço em propina.

Atrás de um grande homem há sempre uma grande sombra.

A César o que é de César, e adeus a Deus.

Antes calar que mal delatar.

Em cada cabeça de juiz do supremo, uma sentença.

Nunca digas: nesta emenda eu não votarei.

Quem tem boca de urna vai eleito. Roma é só consequência.

Diga-me com quem faz alianças que eu direi o que tu és.

Eu não te disse? Nada como um mensalão após o outro.

Se um dia te sentires fraco, a vacilar, abra o cofre e sinta a gostosa fragrância de um maço de dólares novinhos.

Nunca arrependas dos conluios que fizeste, mas dos que deixaste de fazer.

Quem ama dinheiro cuida. Cuida do dinheiro, é claro.

Vão-se os dedos, ficam os anéis. Afinal, a mão não é tua mesmo.

Emenda parlamentar oportunista no projeto dos outros é refresco.

Pra político velho o remédio é partido novo.

Rir da cara do povo é o melhor remédio.