É fácil trocar palavras e pessoas. Difícil é interpretar silêncios e sentidos

É fácil trocar palavras e pessoas. Difícil é interpretar silêncios e sentidos

É normal imaginar como teria sido sua vida se tivesse feito outras escolhas. Como seria a sua jornada se escolhesse aquele outro caminho? Se tivesse aceitado o emprego que recusou? Se não tivesse terminado o namoro? Ou se pudesse consertar o que errou? Se você pudesse voltar no tempo, com a maturidade e a bagagem de hoje, algumas coisas você, com certeza, faria diferente.

Com o passar do tempo, depois que as feridas são cicatrizadas e as palavras, levadas pelo vento, a nuvem da desilusão evapora da sua frente e você já é capaz de enxergar melhor.

Você, mulher, não sabia que os homens não gostam de discutir a relação, nem mesmo quando eles estão apaixonados. Você, homem, não sabia que as mulheres precisam ouvir — constantemente! — que estão sendo amadas. A lembrança daquela história de amor que não deu certo e que tinha ficado esquecida no tempo lhe incomoda como uma pedrinha no fundo da alma: “como nós seríamos hoje se ainda estivéssemos juntos?”.

Vira e mexe, você se lembra daquele amigo que parou de conversar contigo… ou será que foi você que parou de procurá-lo primeiro?

Na comédia romântica britânica “About Time”, o personagem Tim podia viajar no tempo — mas somente para o passado — e revivia os momentos de sua vida que não foram perfeitos. Ele tinha outra chance para mudar e refazer a história com a mulher que amava, com os amigos e a irmã.

Se lá atrás você soubesse o que sabe hoje, teria falado sim ao invés de não — ou vice-versa. Porém, teve momentos em que você não sabia o que dizer, e, se sabia, simplesmente não conseguia expressar os seus sentimentos. Tinha medo e guardava tudo dentro de si. Era frágil emocionalmente e não conhecia a si próprio.

O seu silêncio muitas vezes não foi indiferença: era imaturidade. E, outras vezes, você se arrependeu profundamente por ter dito coisas que não deveriam ter saído de sua boca insegura.

Acontece que o arrependimento não é todo ruim. Suas falhas o tornaram mais cauteloso. Suas perdas o fizeram corajoso. E você entendeu que não foi aquele romance que não deu certo, mas você que não sabia amar. O seu pai não era rigoroso demais, mas você que andava muito rebelde.

Enfim, o que passou, passou. Algumas saudades acabam com o correr dos dias, enquanto outras permanecem em seu coração. Você tem a percepção de que mudou com os seus próprios tropeços, e se fortaleceu com a sua própria imaturidade.

A sua vida não é um filme onde seja possível mudar o que já foi, mas, ao olhar para trás, você entende o presente. Se você não estiver contente com o silêncio de alguém, repare no que ele está lhe dizendo com os olhos. Ao invés de ficar imaginando coisas ruins, converse. Se você estiver amando, aproveite os momentos simples de alegria que a vida lhe traz. Não tenha medo de declarar o seu amor sincero.

E se você estiver se sentindo sozinho porque não consegue encontrar alguém, talvez seja preciso fazer mais do que você tem feito. Olhe para os lados com a curiosidade de um artista. Ouça as palavras que não estão sendo ditas. Não fique tão preocupado em escolher, simplesmente sinta. É como olhar para a escuridão do céu com o semblante sereno de quem espera a lua nascer outra vez. Porque o amor é apenas uma questão de tempo.