Livros

A literatura como castigo: a arte de dizer pouco com muitas palavras

A literatura como castigo: a arte de dizer pouco com muitas palavras

Não, não era sobre “Homens Elegantes” (2016) a sinopse publicada pela Bula anteontem, mas este artigo é. O romance histórico do gaúcho Samir Machado de Machado talvez seja um dos livros mais pretensiosos já publicados, ainda que, reconheço, Machado de Machado seja digno de nota pelo esforço em misturar sátira, crítica ao colonialismo e uma reflexão sobre as diversas formas de masculinidade. A suposta elegância de Machado de Machado é a desculpa perfeita para falar muito e dizer pouco, uma maneira garrida de mistificação.

Cristovão Tezza diante do silêncio: uma literatura à altura do Nobel

Cristovão Tezza diante do silêncio: uma literatura à altura do Nobel

Um pai, um filho, e a ausência de Deus. Cristovão Tezza constrói uma narrativa crua e dolorosamente lúcida sobre o nascimento de uma criança com síndrome de Down — e a transformação silenciosa de um homem diante do acaso. Sem mitos, sem consolo, sem redenção. Apenas a lenta e digna aceitação do absurdo, como em Camus, como em Borges. O que nasce ali não é só um filho: é a consciência. Um romance que confirma Tezza como um dos poucos autores brasileiros à altura do Nobel.

Os Demônios como exorcismo literário: Dostoiévski entre o abismo e a profecia

Os Demônios como exorcismo literário: Dostoiévski entre o abismo e a profecia

Dostoiévski não escreveu apenas romances — escreveu abismos. Sua literatura antecipa os colapsos morais e políticos que moldaram os séculos seguintes. Ao criar personagens possuídos por ideias, ele não dramatiza o indivíduo, mas disseca os vírus da modernidade: o niilismo, o fanatismo, a fé deformada, a razão corrompida. Não há heróis, há vozes em ruína. E ao invés de redenção, o que se oferece é ruído, vertigem, revelação. Neste ensaio, atravessamos a escrita como quem cruza um incêndio espiritual. Porque às vezes é preciso contemplar o mal de perto para entender de onde virá — e como reconhecer.

4 livros que, após terminar, você terá vontade de voltar à primeira página

4 livros que, após terminar, você terá vontade de voltar à primeira página

Há livros que não se encerram com um ponto final, mas com um eco. Que não entregam respostas, apenas deixam a pergunta vibrando no ar. Termina-se a leitura como quem acorda de um sonho vívido, com a necessidade urgente de sonhá-lo de novo. Alguns romances habitam esse limiar, onde o tempo vacila, a linguagem pulsa e o mundo, de certo modo, se desfaz. São obras que magnetizam. Livros que, ao se concluírem, convidam não ao esquecimento, mas ao retorno. Porque certos começos só fazem sentido depois do fim.

Se Camus tivesse um clube de leitura, estes 7 seriam os primeiros títulos

Se Camus tivesse um clube de leitura, estes 7 seriam os primeiros títulos

Imagine um clube de leitura secreto, frequentado por intelectuais que discutem existencialismo enquanto fumam cigarros invisíveis e ignoram solenemente qualquer livro que mencione “descobertas sobre si mesmo” antes da página 50. Camus é o presidente honorário, claro, mesmo morto, ele ainda atrasa as reuniões porque está contemplando o absurdo do cronograma. Nas estantes desse seleto grupo, não há espaço para autoajuda ou romances com trilogia garantida.