“Uma Astronauta Quase Perfeita”, a parte mais excitante da vida de Tiffany “Rex” Simpson, bartender e mixologista, mostra como ela contorna suas limitações educacionais e com uma medida generosa de autoconfiança (ou desfaçatez) e ousadia (ou instinto de sobrevivência) é aceita no programa para treinamento de aspirantes à carreira astronáutica. Uma garota de múltiplos talentos, sem dúvida.
Em “Desaparecidos na Noite”, Riccardo Scamarcio torna a encarnar um tipo suspeito, cuja imagem obscura se vai iluminando à medida em que aceita tomar numa empreitada ilegal para reaver os filhos, que crê terem sido vítimas de um sequestro enquanto assistia a uma partida de futebol na televisão, depois do fim melancólico e brusco de um casamento que parecia feliz.
À natural carga de dramaticidade na cena de abertura de “Blue Bayou” se sucedem risos da primeira filha, com quem troca palavras breves e afáveis, e a reação nada auspiciosa do interlocutor que nunca é visto ao saber que o candidato já cumpriu pena por roubar motos. O filme de Justin Chon, que também incorpora Antonio LeBlanc, esse homem descorçoado cuja vida há de piorar um tanto, parece uma ode às dezenas de milhares de cidadãos estrangeiros que de um jeito ou de outro vivem na América sem garantia alguma, embora tenham estado lá desde sempre.
“White Boy Rick”, dirigido por Yann Demange, explora a fascinante e trágica história de Richard Wershe Jr., um adolescente que, na década de 1980, se vê envolvido no tráfico de drogas enquanto atua como informante do FBI. O filme mergulha nas complexidades de sua vida dupla, mostrando a corrupção policial e a desintegração do sonho americano. Com Richie Merritt no papel principal e Matthew McConaughey como seu pai, a trama revela a dura realidade de escolhas desesperadas e suas consequências.
“Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades”, de Alejandro González Iñárritu, mergulha profundamente nas complexidades da identidade e da memória, explorando as ansiedades pessoais e coletivas das Américas. Com uma narrativa que mistura lirismo e brutalidade, o filme desafia o espectador a confrontar a história, a arte e a ignorância que permeiam a era contemporânea, oferecendo uma reflexão visceral e poética sobre a existência e a condição humana.
