Antes que a tecnologia moldasse cada gesto e que a política desafiasse a lógica, algumas séries enxergaram o que viria. Sem recorrer a profecias ou efeitos grandiosos, criaram histórias que, entre alertas, metáforas e reflexões profundas, anteciparam inquietações do mundo real. Ao revisitar essas narrativas hoje, percebemos que o futuro anunciado não apenas se cumpriu — ele se mostrou ainda mais complexo, imprevisível e urgente.
Vamos falar a verdade: a Netflix não é só casa de dramas prestigiados, true crimes chocantes e comédias que a gente assiste enquanto lava a louça. Às vezes, o algoritmo dá aquela piscadinha e sugere algo com mais… calor. A verdade é que o streaming tem um setor especial para os curiosos e para quem não está só querendo ver “um episódiozinho antes de dormir”.
Três anos antes que os famigerados reality shows — muito pouco show e ainda menos reality — se tornassem populares e infestassem o Brasil como uma praga radiativa, Peter Weir levava às telas “O Show de Truman”, reflexão sagaz e divertida acerca de nossa exposição diária a “notícias”, “gente que vira notícia”, factoides, lixo, enfim. Sem querer, Weir e o roteirista Andrew Niccol alertavam para os riscos da onipresença da tecnologia e seus derivados, tramando contra a humanidade em silêncio, lobo em pele de cordeiro, até que passe a uma adversária desleal, ardilosa e perversa, emulando os mais de 140 mil anos de truculência do homo sapiens sapiens.
A indústria cultural descobriu nas séries um filão tão prolífico quanto convincente de chegar a públicos os mais diversos, esmiuçando temas sensíveis como a inteligência artificial, a biografia de personagens da História e, evidentemente, as artimanhas dos assassinos seriais e psicopatas em sentido amplo. “Cassandra”, “Maria e o Cangaço” e “You”, além de outras quatro produções, da Netflix e da Disney+, comprovam o poder das tramas fragmentadas, plurais e incômodas como o próprio gênero humano.
Tem coisa que brasileiro faz melhor que gringo, sim. E não, não estamos falando só de pão de queijo, meme ou jeitinho pra caber mais três malas na franquia de bagagem. Estamos falando de perfumes. Isso mesmo: aqueles frascos lindos que a gente cheira na loja, olha o preço, chora em silêncio e depois descobre que tem um nacional que custa um terço e entrega três vezes mais elogios. Já passou da hora de parar de subestimar os cheirinhos da terrinha e dar uma chance pro talento aromático tupiniquim.
