O que dá medo não é o abandono, é a véspera

O que dá medo não é o abandono, é a véspera

Carla Madeira não escreve para consolar. Sua literatura não oferece redenção fácil nem explicações didáticas. “Véspera” começa com uma cena brutal — uma mãe abandona o filho na calçada —, mas o que importa não é o gesto, e sim o silêncio que o antecede. É nesse intervalo, incômodo e irreparável, que o romance mergulha. Com escrita contida, dolorosamente precisa, a autora explora as rachaduras familiares, as heranças invisíveis e os afetos malformados. Um livro necessário, não por responder, mas por iluminar o que geralmente fingimos não ver.

5 livros que só fazem sentido depois de duas garrafas de vinho e uma crise existencial

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Nem toda leitura é para os dias de sol e juízo. Há livros que não se entregam ao leitor intacto, que exigem certa desordem, um desencaixe suave entre o que se pensa e o que se sente. São obras que não se abrem com pressa, nem com lucidez absoluta. Precisam de vinho, de um coração desarrumado, de uma noite sem rumo. E mesmo assim, não dizem nada claramente. São enigmas afetivos. Permanecem em silêncio até que o leitor vacile, escorregue, amoleça. E só então revelam sua fúria serena.

A obra-prima que fez milhões chorarem em silêncio está de volta à Netflix Divulgação / Universal Pictures

A obra-prima que fez milhões chorarem em silêncio está de volta à Netflix

Poucas histórias ousaram levar o espectador a um território tão inquietante quanto aquele explorado em “Uma Mente Brilhante”. Longe de ser uma simples adaptação biográfica, o filme dirigido por Ron Howard propõe um desafio: penetrar no universo de um homem cuja genialidade matemática convive, em silêncio, com uma percepção fragmentada da realidade. No relato sobre John Nash, a história se constrói como um jogo de espelhos, no qual a mente do protagonista reflete as verdades que apenas ele enxerga, e que, paradoxalmente, capturam também o olhar do público.

Um dos maiores filmes de todos os tempos chegou à Netflix — e quase ninguém percebeu Divulgação / Sunset Boulevard

Um dos maiores filmes de todos os tempos chegou à Netflix — e quase ninguém percebeu

Poucos filmes desafiaram tanto o tempo quanto “E.T. – O Extraterrestre”, uma narrativa que permanece viva não apenas pela memória afetiva que desperta, mas pela sensibilidade com que capta um anseio universal: o desejo de pertencimento. Steven Spielberg, que já havia consolidado seu nome com sucessos como “Tubarão”, “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” e “Os Caçadores da Arca Perdida”, criou aqui algo que transcende o gênero da ficção científica.

10 livros fundamentais da literatura russa, romena, húngara e tcheca — mas pouco conhecidos no Brasil

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Há uma Rússia subterrânea que não se revela nos manuais. Entre revoluções e silêncios, surgem obras que escapam aos clichês do realismo grandioso e dos nomes canonizados. São livros que falam baixo, mas não menos fundo. Narrativas que desafiam o tempo, os regimes e o olhar estrangeiro. Abaixo da superfície de Dostoiévski e Tolstói, há um território de contos oblíquos, distopias suaves, sátiras letais e fabulações íntimas. Obras que moldaram o espírito russo contemporâneo e ainda esperam, pacientemente, para serem lidas com olhos novos.