Escritores identitários são premiados pelo que representam, não pelo que escrevem
A piedade nunca foi boa conselheira. Nos últimos anos, um novo critério parece ter se infiltrado silenciosamente nos bastidores dos grandes prêmios literários: o autor deve receber mais importância do que o que é escrito. Em muitos casos, a indústria literária passou a funcionar obedecendo a lógica semelhante à do marketing: quem representa minorias vende, gera manchetes, dá entrevistas, encaixa-se no discurso das novas gerações e, portanto, merece o investimento. Dar visibilidade a autores fora do cânone é fundamental — o que não significa rebaixar o padrão. Premiar alguém apenas por sua identidade é, em última instância, uma forma sutil de tutela.