Escritores identitários são premiados pelo que representam, não pelo que escrevem

Escritores identitários são premiados pelo que representam, não pelo que escrevem

A piedade nunca foi boa conselheira. Nos últimos anos, um novo critério parece ter se infiltrado silenciosamente nos bastidores dos grandes prêmios literários: o autor deve receber mais importância do que o que é escrito. Em muitos casos, a indústria literária passou a funcionar obedecendo a lógica semelhante à do marketing: quem representa minorias vende, gera manchetes, dá entrevistas, encaixa-se no discurso das novas gerações e, portanto, merece o investimento. Dar visibilidade a autores fora do cânone é fundamental — o que não significa rebaixar o padrão. Premiar alguém apenas por sua identidade é, em última instância, uma forma sutil de tutela.

7 livros tão extraordinários que vão arruinar qualquer outra leitura depois deles

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Há livros que não se leem — se atravessam, como um território de emoções cruas onde o leitor perde fôlego e noção de volta. Quando um deles se fecha, não sobra apenas silêncio: sobra uma espécie de desalento. Como continuar depois disso? Como aceitar tramas menos densas, frases menos precisas, personagens menos vivos? Esta seleção não propõe alívio, mas sim a entrega total à literatura em sua forma mais transformadora. Prepare-se para obras que não cabem em resenhas — e que podem desorganizar o leitor por dentro.

4 filmes recém-chegados na Netflix que vão te convencer a ficar em casa no fim de semana Divulgação / A24

4 filmes recém-chegados na Netflix que vão te convencer a ficar em casa no fim de semana

Chega o fim de semana e aquela enxurrada de amigos surgem de todos os cantos te chamando para um barzinho, uma balada, um cinema. Tudo que você quer é ficar em casa. Não é por mal. Não tem nada a ver com os amigos ou os lugares. É uma questão de auto-cuidado, com você e com sua conta bancária. Você passou a semana inteira trabalhando como um trem de carga, gastou todo seu dinheiro com a tia do lanche e é fim de mês. Você ainda precisa sobreviver uma semana antes do salário cair na conta. Eu te entendo, parceiro.

Ouvir audiolivro é como dizer que foi ao Louvre porque viu fotos no Instagram: pura autoilusão

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A regra é clara: se não postou, não viveu — e que caiba no intervalo entre duas notificações. Quem é tão desocupado para conseguir ler um livro da primeira à última página, e, absurdo dos absurdos, sozinho com seus botões fazer um esforço para digerir o que acaba de registrar? Os audiolivros, dizem, são uma forma moderna de preservar-se alguma intimidade com a literatura, mormente num mundo onde tempo é, de fato, dinheiro, mas essa ideia esconde um atravanco monumental: o culto irrestrito à produtividade.

Se você gostou de “Substância”, com Demi Moore, pode gostar desse thriller psicológico europeu, na Reserva Imovision Divulgação / Tellfilm

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Conhecida por dirigir a série “Killing Eve”, a cineasta suíça Lisa Brühlmann concebeu em 2018 um conto de fadas subvertido intitulado “Blue My Mind”, a história de uma menina de 15 anos que não atravessa a adolescência ilesa. Quer dizer, e alguém atravessa? Sempre que uma pessoa me diz que sua adolescência foi incrível, sinto que essa pessoa desperdiçou parte de sua vida. O trauma parece tão inevitável quanto necessário para não ser um adulto tão ingênuo. Viver os perrengues do amadurecimento parece garantir um certo retoque final à maturidade.