Que o cinema latino-americano está especialmente concentrado em México, Argentina e Brasil, é óbvio. Durante décadas, esses três países foram responsáveis por quase 90% da produção de todo o território. Hoje em dia, países como Chile, Cuba e Uruguai também têm explorado bastante seu potencial cinematográfico. Mas vale ressaltar que a Argentina é o único país por aqui a receber duas estatuetas do Oscar.

Em 1946, uma escritora londrina se corresponde com moradores da ilha de Guernsey, ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Ela sente a necessidade de visitar a ilha, a fim de saber como era o lugar quando da ocupação, e tem a vida completamente transformada com a vivência do sentimento que só conhecia de nome e pelo qual tanto ansiava.

O absurdo da execução em massa dessas mulheres, um verdadeiro genocídio, vem à tona em “Silenciadas” (2020). A caça às bruxas, literal no filme do diretor argentino-francês Pablo Agüero, remete à intolerância para com as minorias ainda hoje, passados mais de 300 anos. Registros mostram que muitas das mulheres descritas como feiticeiras, logo anatematizadas e escrutinadas por padres e bispos, que reportavam suas particularidades nos livros que despachavam para Roma, eram pretas, judias ou mesmo cristãs marranas — judias e muçulmanas que em público observavam as práticas do cristianismo, mas que na intimidade continuavam em sua fé de origem — e homossexuais.

Quando bem empregado, o recurso da violência se presta a transmitir uma mensagem de suma importância num filme. A admissão de personagens que, a exemplo da vida como ela é, passam longe dos estereótipos de mocinhos e vilões, é um dos artifícios da diretora Gina Prince-Bythewood quanto a fazer de seu “The Old Guard” um filme de heróis, no mínimo, inusual. E ela chega lá galhardamente.