Autor: Lara Brenner

Troco príncipe encantado por qualquer homem que não escreva “nada haver” e “concerteza”

Troco príncipe encantado por qualquer homem que não escreva “nada haver” e “concerteza”

Não tenho um príncipe encantado, mas, desde já, gostaria de trocar publicamente a ideia de sua existência pela de um homem letradinho. As exigências nem são lá essas coisas. Sabendo usar crase, meu coração já fica mole. Não precisa ter lido autores russos, nem ser muito bonito, já que também não preencho esses requisitos com muito louvor. Basta não falar um beijo “à” todos ou vou contar “à” vocês.

A adorável arte de tropeçar nos próprios pés e ser sutil como um elefante

A adorável arte de tropeçar nos próprios pés e ser sutil como um elefante

Seu corpo vive coberto por manchas roxas que você não faz ideia de onde vieram? Seus braços são tão coordenados quanto os tentáculos de um polvo bêbado e desgovernado? Sua risada transcende todos os decibéis existentes? Você não compreende como consegue tropeçar nos próprios pés ao caminhar sobre um chão absolutamente plano e nada escorregadio? Parabéns! Você pertence ao sagrado clube das pessoas desajeitadas.

Viver é morrer um pouco a cada dia. O tempo é devorador de todas as coisas

Viver é morrer um pouco a cada dia. O tempo é devorador de todas as coisas

Pense bem. Rememore sua infância. Lembre-se daquele desajeitado primeiro beijo, do familiar cheiro de café na cozinha aconchegante, da professora que lhe ensinou geometria… Feche os olhos e note o quão vivas podem ser essas lembranças, quase como se estivessem acontecendo novamente. Isso tudo existiu, certo? Faz parte do grande arcabouço dos fatos que lhe pertencem. O que divide o que já se foi e o que ainda virá é essa tênue e frágil linha chamada presente.

‘Qualquer problema que você tiver comigo é seu’

‘Qualquer problema que você tiver comigo é seu’

Há momentos em que a vida parece estar mergulhada em inferno astral. É como se todos os pilares da existência — família, relacionamento, trabalho, amizades… — se unissem sadicamente para testar o fôlego do cidadão. De forma otimista, buscam-se justificativas transcendentais e pedagógicas, nomeando-se a fase negra de “teste divino”, “provação espiritual”, ou “alinhamento dos astros”. Não interessa a expressão, a verdade é que há vezes em que o dia a dia se torna um saco e parece que se está a um fio da autoimplosão.