Autor: Lara Brenner

Seja grato, mas não espere que os outros sejam. A gratidão é uma virtude de poucos

Seja grato, mas não espere que os outros sejam. A gratidão é uma virtude de poucos

A gratidão sincera não precisa de cerimônia e dispensa intermediários. Há momentos em que agradecer dispensa até mesmo palavras, traduzindo-se em abraços, sorrisos, orações ou num simples suspiro profundo de quem se alegra pelo que já alcançou. Vive-se hoje a certeza de que nada é suficiente, uma sede inesgotável que consome dinheiro, energia e sobretudo a própria vida. A graça tem sido lamentar pelo que ainda não se tem, sem reconhecer o que já foi alcançado e quem ajudou a chegar até aqui. Copo meio vazio sempre.

A culpa é sempre do estagiário: um texto pra quem sabe os altos e baixos de sobreviver a um estágio

A culpa é sempre do estagiário: um texto pra quem sabe os altos e baixos de sobreviver a um estágio

Após percorrer a cidade para distribuir cem currículos e roer todas as unhas à espera de uma entrevista, conseguir o primeiro estágio é lançar-se num rito de passagem. Deixa-se de ser calouro “barriga-verde” da faculdade, para tornar-se um veterano legítimo, exalando superioridade, descolamento e um leve ar de deboche pelos mortais que ficaram para trás. Até porque, em tempos de crise e faculdades hiperinchadas, há algo de heroico em quem consegue um “trampo” congruente com a área estudada.

Ainda não inventaram nada melhor do que dormir!

Ainda não inventaram nada melhor do que dormir!

Dormir faz parte de todos os momentos mágicos da vida: se almoçou aquele churrascão de domingo, tire um cochilo (os espanhóis e sua sesta são geniais!); se o sexo com o parceiro foi bom, durma de conchinha; se exagerou na bebida, repouse para melhorar; se a festa foi boa, descanse para recuperar as energias; se chorou demais, durma que melhora. Mas não é preciso criar motivo, o travesseiro, por vezes, é muito mais convidativo que qualquer festa ou conversa. A melhor de todas as baladas acontece quando se está quietinho entre lençóis. A vida é feita de sonecas e sonos profundos, num oceano de altos e baixos que só se sustenta pela necessária segurança da rotina.

Viagem em família: do céu ao inferno em um segundo

Viagem em família: do céu ao inferno em um segundo

Família: palavra que nos leva ao berço esplêndido de segurança e amor, carinho e solidez. Cogita-se até mesmo derivar do latim “fami” — fome — grupo de pessoas que passa fome junto e não se separa. Lindo. Poético. Apoteótico. Viagem: do latim “viaticum”, jornada. Um livro pode propiciar uma viagem, assim como um filme, uma conversa ou uma simples troca de olhares. Mas viagem pode ser um porta-malas cheio de sacola, farofa, frango, gelo, refrigerante e salgadinhos, com cinco assentos e doze pessoas, rumo à praia lotada de gritaria e gente quase sempre bem-intencionada.

Como se tornar o idiota da selfie

Como se tornar o idiota da selfie

Enquanto seguro meu garfo cheio de um suculento macarrão, me belisco e olho para o lado, apenas para checar se aquele momento de divindade gastronômica é real. Imediatamente desejo não ter me virado. A cena bizarra se repete novamente: uma moça bonita aciona a câmera frontal do celular e o estica frente a seus seios fartos, realçados por um vestido a vácuo, enquadrando-os junto a um prato de sobremesa. Ao longo da última hora, aquele deveria ser o quinquagésimo autorretrato (sou do tempo em que “fotinha” era retrato).