O filme alucinante da Netflix que permaneceu entre os mais assistidos do mundo durante 10 semanas Julien Goldstein / Netflix

O filme alucinante da Netflix que permaneceu entre os mais assistidos do mundo durante 10 semanas

Ao longo da história, a humanidade revelou um interesse profundo em identificar entre seus pares aqueles indivíduos que, de alguma maneira, transcendem a mediocridade e o comum, atribuindo-se uma certa aura mística. Essa busca contínua por compreensão profunda tem como objetivo o alcance de um conhecimento interior que serve de fundamento para a construção de defesas contra as adversidades do mundo. Esse processo inicial, frequentemente longo e doloroso, prepara o indivíduo para um estágio ainda mais crucial: sua afirmação pessoal.

O sentimento de derrota é, indubitavelmente, um veneno altamente destrutivo para o espírito humano, repleto de falhas persistentes. A interrupção de um desafio, por razões ainda que urgentes, cheira a covardia, representando o antítese do que verdadeiramente significa viver. Nos momentos de fraqueza extrema, a salvação reside na percepção de que existem propósitos essenciais que não podem ser ignorados, emergindo inevitavelmente, independentemente de nossos desejos.

Até mesmo heróis enfrentam seus próprios desafios, o que pode ser considerado uma de suas maiores virtudes. Frequentemente, superar adversidades pessoais envolve mais pragmatismo do que simples vontade. É necessário superar sentimentos destrutivos que impedem o avanço, um passo necessário para restaurar a grandeza da vida, uma decisão difícil, mas transformadora. Optar por seguir em frente, apesar das dificuldades, permite a abertura para novas experiências que, embora não sempre alegres, trazem consigo um novo espectro de emoções, especialmente para aqueles que aceitam sua mortalidade. Heróis, por outro lado, seguem uma lógica distinta, e isso se reflete nas análises de “Bala Perdida 2” (2022), a continuação do aclamado thriller de Guillaume Pierret, que explora temas de vingança e redenção.

Pierret conduz o enredo para trás, relembrando o clímax do primeiro filme de 2020, onde a redenção de Lino, um mecânico de habilidades notáveis interpretado energicamente por Alban Lenoir, é enfatizada. No roteiro, coescrito pelo diretor e pelo ator, as influências de cada um são evidentes, especialmente nas cenas que mostram Lino se recuperando no hospital, apoiado por Julia, uma investigadora interpretada por Stéfi Celma.

A natureza de sua relação permanece ambígua, com insinuações de romance que nunca se concretizam claramente. As cenas mais intensas, marcadas por confrontos físicos e perseguições, parecem deixar o público em um vácuo de significado, mesmo para aqueles que apreciaram o primeiro filme. Tal situação leva à necessidade de uma pausa para refletir sobre as motivações por trás de tais sequências, que foram bem desenvolvidas em 2020, mas que agora parecem perder o antagonista Areski, interpretado por Nicolas Duvauchelle, que aparece esporadicamente.

O filme, embora centrado na figura de Lenoir como Lino, levanta dúvidas sobre a viabilidade de uma sequência. A ponderação sobre a continuidade da série parece necessária, considerando os riscos de se estender demais a narrativa.


Filme: Bala Perdida 2
Direção: Guillaume Pierret
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Policial/Thriller
Nota: 8/10