Com mais de 70 indicações a prêmios, incluindo Bafta, mistério com Anya Taylor-Joy é o melhor filme que você vai ver essa semana na Netflix Divulgação / Focus Features

Com mais de 70 indicações a prêmios, incluindo Bafta, mistério com Anya Taylor-Joy é o melhor filme que você vai ver essa semana na Netflix

Em seu estilo versátil e criativo, Edgar Wright entrega em “Noite Passada em Soho” um suspense experimental com nuances dos terrores psicológicos de “Suspiria”, de Dario Argento, e “Repulsa”, de Roman Polanski. Ellie é a protagonista vivida por Thomasin McKenzie, uma garota melancólica e tímida do interior, que deixa Cornwall por Londres para estudar moda. Com um passado triste —  a mãe tirou a própria vida — Ellie deseja ser o orgulho da avó amorosa Peggy (Rita Tishingham).

Quando ela vê a própria mãe no seu quarto em Cornwall sinalizando que ela foi aceita na faculdade de moda de Londres, já percebemos que Ellie é ultrassensível às energias e apegada ao passado. Isso não muda quando ela está em Londres. Depois de uma difícil adaptação no dormitório da faculdade, onde Ellie sofre nas mãos da territorialista colega de quarto Jocasta (Synnove Karlsen), que sente ciúmes e zomba dela pelas costas, Ellie decide alugar uma suíte no Soho.

O quartinho com decoração sessentista e uma aura empoeirada fica na casa da senhora Collins (Diana Rigg), uma mulher intimidadora, mas receptiva (embora seja difícil imaginar essas duas definições em uma só pessoa), que teria comprado o imóvel há anos de um antigo poderoso dono, um cafetão influente na rua.

Ellie tem inúmeras fantasias nostálgicas em relação a Londres e, ao encontrar aquele quarto com uma decoração delicada e de época, ela se sente dentro de um sonho vintage. Mas a ilusão acaba indo longe demais quando a protagonista começa a ter visões de uma garota chamada Sadie (Anya Taylor-Joy), que teria morado em seu quarto há décadas. Assim como Ellie, Sadie havia chegado ingênua e cheia de sonhos a Londres. Ao conhecer Jack (Matt Smith), que oferece um emprego de artista em seu cabaré, Sadie aceita, acreditando que se tornará uma estrela. No entanto, as coisas não acontecem como planejado e ela logo se vê em uma espiral de abusos e violência, sendo explorada por Jack e uma série de homens que pagam para passar uma noite com ela.

Ellie, que tem visões cada vez mais vívidas da vida de Sadie, começa a ser atormentada por fantasmas do passado, enquanto tenta salvar Sadie de seu trágico destino. No entanto, não se pode mudar o passado. E quando ele se mostra tão assustador e violento, Ellie se dá conta de que suas fantasias sobre Londres dos anos 1960 estavam completamente equivocadas. Os tempos não eram tão bons quanto ela imaginava.

Além dos fantasmas, Ellie também começa a ser perseguida por um velho mulherengo da rua, vivido por Terence Stamp. Ela começa a crer que ele é Jack e decide fazer justiça à Sandie. Enquanto isso, não sabemos se Ellie está realmente sendo atormentada por fantasmas ou se ela está mentalmente desequilibrada.

Para escrever o enredo do filme, Edgar Wright fez uma extensa pesquisa sobre vidas de jovens artistas do início e meados do século 20, e quase todas elas se confirmavam em tragédias, regadas a violência sexual, exploração e vícios por trás do aparente glamour das fotos. “Noite Passada no Soho”, na Netflix, é um exame do passado e da história de opressão e violência contra as mulheres.


Filme: Noite Passada em Soho
Direção: Edgar Wright
Ano: 2021
Gênero: Terror/Drama/Mistério
Nota: 9/10