O Filho de Jesus, de Denis Johnson

O Filho de Jesus, de Denis Johnson

Sétimo (7º) livro lido em 2024: “O Filho de Jesus”, do alemão/americano Denis Johnson. Conheci Denis Johnson pelo magnífico “Sonhos de Trem”, publicado em 2011 e elogiado por Philip Roth e Jonathan Franzen. Aqui, em 11 contos breves, Johnson apresenta anti-heróis que renunciam ao sonho americano e transitam na fronteira entre a razão e a loucura.

O Filho de Jesus, de Denis Johnson
O Filho de Jesus, de Denis Johnson (Todavia, 123 páginas)

Em contraste com a América utópica da geração beat, na qual ícones como William S. Burroughs, Allen Ginsberg e Jack Kerouac buscavam transcendência e liberdade espiritual, a América apresentada por Johnson é moderna, desprovida de qualquer romantismo associado à Rota 66, embora evoque, em muitos momentos, a sensação de estarmos imersos em um livro de Neal Cassady.

Os personagens são profundamente marcados por sentimentos de culpa, remorso e uma evidente ausência de redenção. A narrativa, direta e contundente, pinta um quadro de bares, locais e ruas tão deteriorados quanto os homens que os habitam. Estas figuras irrecuperáveis estão em uma busca incessante por algo que alivie sua existência — seja uma dose em um boteco sujo, uma injeção na veia ou um cachimbo de haxixe —, todos impulsionados pela necessidade primal de seguir existindo.

O livro oferece, acima de tudo, uma perspectiva reveladora sobre a essência da vida americana, distante do paraíso frequentemente idealizado em filmes, livros e, claro, nos sonhos dos imigrantes. Vale ler.


Livro: O Filho de Jesus
Autor: Denis Johnson
Tradução: Ana Guadalupe
Páginas: 176 páginas
Editora: Todavia
Nota: 9/10