Brancura, de Jon Fosse Foto / Tom A. Kolstad

Brancura, de Jon Fosse

Quarto (4º) lido em 2024: “Brancura”, do norueguês e Nobel de Literatura Jon Fosse. Em poucas palavras: “O homem de terno preto, aquele sem rosto, eu, minha mãe e meu pai, caminhamos descalços rumo ao nada, respirando a cada passo, e, de repente, paramos de respirar, deixando apenas a criatura brilhante e reluzente iluminar o vazio que agora respiramos, em sua brancura”.

O enredo do livro flerta com o surreal, mesclando realidade e ficção para criar um mundo onde o ordinário se funde com o extraordinário. A história avança com um ritmo onírico, nos transportando para uma jornada que desafia as percepções convencionais. Um delírio que faz recordar “Pedro Páramo”, mas de uma forma distinta, seguindo a fórmula narrativa norueguesa.

Na trama, um homem, movido por razões incertas, inicia uma viagem sem destino definido. Ele se dirige a uma floresta remota, referida no livro como Floresta Negra. Com a chegada da noite, surge uma inesperada nevasca. Desafiando o instinto de buscar abrigo, o homem perdido vaga pela escuridão da floresta, onde encontra uma figura luminosa e enigmática. A partir desse encontro, as alucinações (ou seria a realidade?) se intensificam.

Fosse, assim como Ibsen, é um mestre na construção de frases, empregando repetições semânticas que evocam o ritmo de um mantra. Sua fórmula narrativa, semelhante à de outros noruegueses como Tarjei Vesaas e Olav Hauge, sobrepõe a história, proporcionando uma leitura quase transcendental, que induz à introspecção e ao estranhamento. Não é um livro para todos, mas é, de fato, um belo e pequeno romance de pouco mais de 60 páginas.


Livro: Brancura
Autor: Jon Fosse
Tradução: Leonardo Pinto Silva
Páginas: 64 páginas
Editora: Fósforo Editora
Nota: 9/10