Pura fofura: o filme encantador na Netflix que vai te deixar mais leve que terapia Divulgação / Stage 6 Films

Pura fofura: o filme encantador na Netflix que vai te deixar mais leve que terapia

É fácil se apaixonar por Christopher Plummer em qualquer papel. Bonito, charmoso e carismático aos 90, ele torna qualquer filme atraente o bastante para merecer nossa atenção. Em “Limites”, uma comédia dramática sobre uma família disfuncional, ele é certamente a cereja do bolo, no papel de Jack, um idoso traficante e expulso de seu abrigo de idosos por ser um fora-da-lei. Um pai e avô distante, o que o reaproxima de sua filha, Laura (Vera Farmiga), é uma troca de favores. Ele empresta uma grana para ela pagar a escola de artes para o filho adolescente, Henry (Lewis McDougall), desde que ela o deixe ficar temporariamente em sua casa.

Laura está resistente em deixar o pai voltar para sua vida, já que seu histórico não é dos melhores. Uma infância marcada pela ausência da figura paterna, ela teme ser novamente abandonada por ele. Só que pior, ela teme que seu filho, Henry, tenha seu coração partido pelo avô, caso ele os deixe. A marca do trauma em Laura é o fato de ela ser uma resgatadora compulsiva de animais abandonados, que se tornam a família que ela nunca conseguiu ter. Henry é um jovem artista sensível e excêntrico e com um estilo de desenho bastante peculiar: ele costuma imaginar como são as pessoas nuas e a desenhá-las desta forma. Suas ilustrações, claro, assustam as pessoas. Na escola, ele é vítima constante de bullying. Sem sentir que pertence àquele ambiente, Henry deseja ser transferido para uma escola particular voltada para artes.

Quando chega, Jack esconde 200 mil dólares em maconha no porta-malas do carro de Laura. Ele revela o segredo para Henry e o convida para ser seu parceiro de crime. Laura planeja atravessar o país e parar na casa da irmã, Jojo (Kristen Schaal), onde irá desovar o pai. Então, Laura, Jack e Henry fazem suas malas, entram no carro e pegam a estrada de Seattle à Los Angeles. O percurso parece bem longo. Talvez, porque eles fazem várias paradas, nas quais Jack realiza suas transações. Talvez, porque sejam mais de 17 horas de viagem de um ponto ao outro. Henry também pede para visitar o pai, Leonard (Bobby Cannavale). Apesar do relacionamento turbulento entre Laura e Leonard, ela tem uma recaída e vive um momento romântico com o ex-marido. Em uma cena vibrante, Jack dá um soco no rosto do ex-genro.

Jack não é o modelo ideal de pai e avô, mas sabe demonstrar amor das formas mais esquisitas e hilárias, seja fazendo piadinhas de teor duvidoso, seja dizendo verdades cruéis demais para serem ditas em voz alta. Mesmo assim, sua personalidade sedutora rapidamente ilude Laura e Henry, que desejam tê-lo por perto. Mas Jack é inconstante. Sua imprevisibilidade é parte da persona que ele cultiva desde que nasceu. Então, é esperado que cedo ou tarde ele desapareça novamente.

“Limites” é extremamente sensível, engraçado e gracioso. Independente das armadilhas da previsibilidade, o longa-metragem de Shana Feste é fofo e terapêutico, com uma coleção de belíssimas e adoráveis atuações. Um comfort movie que pode provocar alguns desconfortos, se você tem problemas familiares não resolvidos.


Filme: Limites
Direção: Shana Feste
Ano: 2019
Gênero: Comédia/Drama
Nota: 10