Com o excesso de lançamentos cinematográficos, é natural que muitos filmes que causaram grande impacto, arrecadaram milhões e arrebanharam prêmios acabem sendo esquecidos. É óbvio que clássicos se eternizam, e isso não quer dizer que essas obras não se enquadrem nessa categoria. Mas apenas os verdadeiros apreciadores da Sétima Arte ainda se lembram, com detalhes, de suas narrativas marcantes e dos elementos que as tornaram precursoras de estilos e estéticas.
Nesta lista, a Revista Bula decidiu reunir algumas joias verdadeiras que, embora tenham provocado comoção, influenciado o cinema e sido ovacionadas, tornaram-se raridades, pouco vistas atualmente. Esses sucessos, eternizados nas telas, merecem todos os méritos, mas, devido ao enorme volume de produtos de entretenimento, acabaram esquecidos nos fundos das plataformas de streaming, sem grande destaque.
Mas lá permanecem, brilhando e emanando a verdadeira arte. Só quem aprecia de verdade reconhece a preciosidade daquilo que está admirando. A efemeridade jamais lhes arrancou a qualidade, e essas joias merecem ser descobertas pelas novas gerações e revisitadas pelas mais antigas. Vamos lá?

Durante a década de 1980, um adolescente vive em Nápoles uma fase de descobertas, cercado por uma família barulhenta e excêntrica. Enquanto lida com o despertar sexual, paixões platônicas e o desejo de se tornar cineasta, sua vida sofre uma guinada repentina após uma tragédia familiar devastadora. Ao mesmo tempo, a cidade inteira vibra com a chegada de um jogador argentino que muda o destino do futebol local. Entre o riso, a melancolia e o amadurecimento forçado, a juventude é narrada como uma sucessão de gestos mínimos e perdas irreversíveis, em que o absurdo e o sagrado convivem lado a lado.

Na Pittsburgh dos anos 1950, um homem negro luta para sustentar a família como lixeiro, após ter sua carreira no beisebol interrompida pelo racismo institucional. Carregado de frustrações e rigidez, ele impõe suas convicções ao filho adolescente, que sonha com uma trajetória diferente. Ao lado da esposa, mulher forte e resiliente, o núcleo familiar enfrenta tensões profundas, revelações dolorosas e confrontos que desvendam feridas emocionais. O conflito entre gerações, os traumas do passado e os limites entre proteção e opressão moldam uma narrativa de dor contida e dignidade forjada na adversidade.

Um homem negro livre, casado e pai de família, é sequestrado em Washington e vendido ilegalmente como escravizado no sul dos Estados Unidos. Ao longo de doze anos, ele passa por diferentes donos, sendo forçado a suportar castigos físicos, humilhações e a destruição de sua identidade. Enquanto luta para sobreviver sem abandonar sua dignidade, observa o sofrimento de outros à sua volta, em especial o de uma jovem brutalmente abusada. A esperança de reencontrar a liberdade jamais se apaga, mesmo diante da extrema violência e da banalidade do mal que permeia cada fazenda onde é mantido.

Um oficial de justiça aposentado decide escrever um romance baseado em um caso de estupro e assassinato que o marcou décadas antes. Na tentativa de encontrar sentido para os fatos e compreender suas próprias escolhas, ele retoma contato com uma ex-colega por quem foi secretamente apaixonado. Alternando passado e presente, a investigação revela lacunas jurídicas, decisões movidas por paixão e uma obsessão que transcende o tempo. A linha entre justiça e vingança, desejo e repressão, se torna cada vez mais tênue à medida que a verdade se aproxima, ou se esconde sob novos silêncios.

Em um futuro distópico, a Inglaterra é governada por um regime totalitário que silencia a oposição, controla os meios de comunicação e persegue minorias. Um homem mascarado, habilidoso e enigmático, inicia uma série de ataques simbólicos contra o governo, inspirando a população a resistir. Ele cruza o caminho de uma jovem que, após ser salva por ele, mergulha em uma jornada de transformação, marcada por perdas, descobertas e o abandono do medo. Entre conspirações, discursos inflamados e atos de rebelião, a história avança em direção a um clímax que confronta a relação entre identidade, liberdade e memória.