Cânones ou castigos? 5 títulos que ninguém relê por vontade

Cânones ou castigos? 5 títulos que ninguém relê por vontade

Clássicos são montanhas literárias que juramos escalar um dia, mas que, ao final da quarta página, nos fazem considerar um mergulho voluntário em qualquer caldeirão fervente de vídeos curtos e listas de supermercado. Ninguém nega que são marcos da civilização ocidental, e que, com frequência, pesam como ela. Tentamos encará-los com seriedade, como se estivessem nos avaliando também, mas o que começa como leitura vira penitência, e o marcador de página passa mais tempo dormindo do que trabalhando. São obras eternas, sim, como a sensação de que nunca vão acabar.

Claro que há os devotos: aqueles seres raros que realmente releram todos esses tomos por puro deleite, provavelmente no idioma original e numa tarde chuvosa. Mas para o restante da humanidade, esses livros habitam o altar da estante alta, inalcançável sem banquinho, onde ficam protegidos do toque humano, e da releitura. Porque uma coisa é ter lido uma vez, sob tortura ou vaidade; outra é retornar voluntariamente ao campo de batalha de frases intermináveis, digressões filosóficas e personagens que somem por duzentas páginas e voltam como se nada.

A pergunta é: são cânones ou castigos? É claro que podemos admirar sua importância, sua complexidade, seu papel na história literária. Podemos até decorar o nome de alguns personagens, principalmente se forem os mesmos do título. Mas quando alguém diz “vou reler esse clássico monumental por prazer”, normalmente queremos chamar a emergência literária. Porque há livros que nos formam, e há livros que nos deformam um pouco no processo. A seguir, cinco obras que, com todo respeito, têm mais chance de serem redescobertas por arqueólogos do que relidas por leitores voluntários.