Netflix

Em um universo inundado de opções de entretenimento, pode ser um desafio determinar quais filmes realmente merecem a sua atenção. Aqui na Revista Bula, nos dedicamos a separar o joio do trigo, para que você possa passar mais tempo aproveitando o que há de melhor na cinematografia e menos tempo navegando pelo catálogo da Netflix. Na última semana, a plataforma de streaming adicionou uma seleção notável de títulos à sua vasta coleção, incluindo trabalhos de diretores consagrados e performances de atores aclamados.

Produção original da Netflix na Espanha, “Bastardoz”, ao contrário do que o nome sugere, não tem relação com “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino. O filme de Javier Ruiz Caldera e Alberto de Toro se passa em 1938, durante a Guerra Civil Espanhola. Um general nazista maquiavélico coloca em prática um plano terrível de transformar um vilarejo espanhol em um laboratório de zumbis, que vão infernizar um grupo improvável de nacionalistas e republicanos em fuga.

É impossível entender um filme sem que se observem os detalhes perturbadoramente reveladores da conjuntura que o motiva, e no caso de “Guerra ao Terror”, que deu azo a uma enxurrada de longas a respeito das invasões americanas a países do Oriente Médio, Kathryn Bigelow e o roteirista Mark Boal, sugerem um vaivém de tensão que, se não funciona ao longo de todos os 131 minutos pelos quais a trama se alonga, mantém o público hipnotizado, esperando grandes reviravoltas num enredo que todos sabemos como vai terminar.

Christopher McQuarrie deixa no ar o que pretende com seu “Missão: Impossível — Efeito Fallout” (2018), que além do alvoroço habitual entre o público já afeto a esses enredos, condena a incurável ganância do homem, aqui em busca de um recurso mineral que pode arruinar de vez as já precárias condições de sobrevivência na Terra. Narrativas de ação como o roteiro de McQuarrie têm por natureza contar com uma essência dialeticamente aventurosa, por meio da qual nos apercebemos de um grande risco enquanto a diversão aumenta.

Alex Garland é dos poucos cineastas a serem capazes de subverter a pletora de lugares-comuns que sufocam tais enredos, embora seja precipitado se considerar esta uma moda superada. Saborosamente confuso, seu desnorteante “Aniquilação” (2018) é, decerto, das produções mais originais no ramo — ainda que transposto do livro do americano Jeff Vandermeer, publicado no Brasil em 2014 pela Intrínseca (se se optar por excluir filmes adaptados de trabalhos literários, aí mesmo é que não resta pedra sobre pedra).