Confesso que até então não havia me interessado pela produção original da Netflix, dirigida por Javier Ruiz Caldera e Alberto de Toro, “Bastardoz”. Um dos motivos disso é porque filmes e séries de zumbi nunca me interessaram. Além de quê, o título me fazia pensar que a produção era alguma cópia infeliz e nada criativa de “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino, devido à semelhança dos títulos e já que ambas as histórias se passam mais ou menos na mesma época. Mas confesso que me surpreendi.
O longa-metragem que havia sido planejado para estrear em 2020 teve o projeto paralisado por dois anos por conta da pandemia de Covid-19 e conseguiu, finalmente, ser lançado em janeiro de 2022. Inspirado no livro “Noche de difuntos del 38”, de Manuel Martin Ferreras, o enredo foi adaptado para as telas por Jaime Marques e Cristian Conti.
Sua primeira cena se passa em 1938, no meio da Guerra Civil Espanhola. A abertura mostra o momento em que soldados nazistas chegam de penetras em uma festa de casamento em uma vila espanhola e, depois de fuzilar todos os convidados, expõem os cadáveres a um gás azul. Um comandante excêntrico com uma marcante cicatriz no rosto assiste a tudo com olhar brilhante e maquiavélico.
Pouco depois, conhecemos Jan Lanzano (Miki Esparbé), um advogado nacionalista condenado por traição por ter dado uma cabeçada em um primo de Franco. Pouco antes de ser morto, ele é salvo por seu tio, o general Lanzano, que o entrega uma carta que deve chegar além das linhas inimigas. Mas Jan não sabe dirigir, então um jovem soldado desertor chamado Decruz (Manel Llunell) é incumbido de conduzí-lo até seu objetivo. No meio de sua rota, os dois são feitos prisioneiros por um pelotão de soldados republicanos.
A tropa antifranquista é formada pelo Sargento (Luis Callejo), Matacuras (Aura Garrido), Mecha (Álvaro Cervantes), Jurel (Jesús Carroza), Jaime ((Dafnis Balduz), Brodsky (Sergio Torrico), o Americano (Ken Appleforn), Carlos (Oriol Ramis), Flor (Maria Boto) e Rafir (Mouad Ghazouan). Enquanto levam os dois reféns para descobrir seu valor para os inimigos, eles são surpreendidos por um paraquedista morto que acaba de ser desovado de um avião de guerra e cujo corpo está coberto com um pó azul. Logo a criatura cadavérica começa a se mexer e atacar o grupo.
Não demora para que eles compreendam a lógica daquela e de outras criaturas semelhantes que surgem em seu caminho. Os mortos-vivos são devoradores de humanos, agem instintivamente e não racionalmente e só são derrotados com um tiro ou golpe na cabeça. Gradualmente, as intenções por trás desse misterioso levante zumbi é descoberto. Tudo faz parte de um audacioso experimento nazista.
Ao longo de seu caminho, os nacionalistas e republicanos são obrigados a lutarem lado a lado para derrotar as criaturas macabras que querem devorá-los. É com um humor gore e sombrio, um roteiro dinâmico, que não deixa o espectador perder o interesse, e atuações talentosas que a história segue durante sua uma hora e quarenta minutos de filme.
O longa-metragem espanhol mistura horror, história, ação e comédia em uma produção divertida e interessante, mesmo quando cai em clichês do gênero dos zumbis. “Bastardoz” consegue abordar a política europeia da época sem ser panfletário e sem cair no drama, apesar da tensão do contexto. A história vai perdendo personagens importantes conforme o filme se desenrola, mas nada disso abala o espectador, que está entretido demais com a dinâmica e os efeitos de maquiagem extremamente bem-feitos.
Filme: Bastardoz
Direção: Javier Ruiz Caldera e Alberto de Toro
Ano: 2020
Gênero: Ação/ Aventura
Nota: 7/10