Os Demônios como exorcismo literário: Dostoiévski entre o abismo e a profecia
Dostoiévski não escreveu apenas romances — escreveu abismos. Sua literatura antecipa os colapsos morais e políticos que moldaram os séculos seguintes. Ao criar personagens possuídos por ideias, ele não dramatiza o indivíduo, mas disseca os vírus da modernidade: o niilismo, o fanatismo, a fé deformada, a razão corrompida. Não há heróis, há vozes em ruína. E ao invés de redenção, o que se oferece é ruído, vertigem, revelação. Neste ensaio, atravessamos a escrita como quem cruza um incêndio espiritual. Porque às vezes é preciso contemplar o mal de perto para entender de onde virá — e como reconhecer.