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A abertura de “Sob as Águas do Sena” parece uma daquelas fascinantes peças publicitárias acerca da devastadora ação humana sobre o berço das riquezas ambientais, o mar. O roteiro do diretor Xavier Gens, coassinado por Sebastien Auscher e Yannick Dahan parte dessa imagem genérica para um recorte bastante específico, um cardume de tubarões que foge da poluição do oceano para instalar-se no Sena, o rio que corta a capital francesa — ironicamente, um ponto a favor da realização das provas de modalidades aquáticas em domínios fluviais.

Wanweaw e Weawwan Hongvivatana iniciam “You e Me e Me” com uma abordagem que ecoa a sensibilidade de Yasujiro Ozu (1903-1963), mestre em retratar dramas familiares com uma sutileza tocante. Em “Pai e Filha” (1949), Ozu explorou a dor silenciosa de um pai viúvo que deseja casar sua filha, embora ela prefira continuar ao seu lado. As irmãs Hongvivatana adotam uma estética semelhante, mas introduzem cores vivas e a luz dos bosques tailandeses para suavizar a melancolia.

“Silenciadas” (2020), dirigido por Pablo Agüero, é uma obra que lança um olhar crítico sobre a caça às bruxas no século XVII. O filme destaca a brutalidade e a injustiça sofridas por mulheres acusadas de feitiçaria, refletindo sobre a intolerância persistente contra minorias. Com uma narrativa poderosa e fundamentada em fatos históricos, Agüero expõe as dinâmicas de poder entre a Igreja e a nobreza, oferecendo uma reflexão profunda sobre liberdade e opressão.

“Adú” é um filme dirigido pelo espanhol Salvador Calvo que aborda a migração em massa causada pela pobreza, fome e perseguições, explorando essas questões por meio de uma narrativa comovente e envolvente. A trama segue a jornada de um jovem garoto através de uma viagem cheia de incertezas, conectando outras duas histórias que refletem os desafios e esperanças de quem busca uma vida melhor.

“Diga Quem Sou Eu” é um documentário profundamente comovente dirigido por Ed Perkins. Ele explora a vida de Alex e Marcus Lewis, gêmeos cuja trajetória é irrevogavelmente alterada por uma tragédia pessoal. O filme investiga memórias ocultas e segredos familiares devastadores, apresentando uma narrativa que mistura dor, culpa e perdão. Com uma abordagem cuidadosa e uma cinematografia impressionante, Perkins leva os espectadores a uma jornada emocional intensa, revelando verdades dolorosas e a complexidade das relações humanas.