A gente sabe que não é fácil encontrar tempo para simplesmente fazer o que se quer ou não fazer nada. No dia a dia, incluindo os finais de semana, nós nos enchemos de tarefas e, quando há tempo livre, a gente se sente mal e logo arruma um jeito de se tornar produtivo novamente. Mas, olha, você não precisa produzir o tempo inteiro. Para sua mente desapegar das preocupações. Se dê um tempo para assistir uma série ou um filme em paz, sem noias e paranoias.

A vida, plena de seus tantos mistérios e seus tantos perigos à espreita mesmo nos trechos mais retos e iluminados dos caminho; o delírio pairando sobre a realidade sisuda, pronto para tartamudear a litania lírica e lúgubre da loucura; os esforços inúteis do homem comum em sua saga triste por livrar-se do amanhã invencível; a fronteira que não se revela, mas aparta o caos do inferno: nos sete títulos que congregamos na lista abaixo, os últimos lançamentos da Netflix, nota-se, de uma forma ou de outra, essa dicotomia essencial da alma humana.

Valendo-se do inegável poder dos chavões, “Na Sua Casa ou na Minha?”, de Aline Brosh McKenna, compõe um retrato um tanto melancólico, mas sem dúvida fidedigno de mulheres e homens que, acusando o golpe traiçoeiro do passar dos anos — por mais que não admitam nem para si mesmos —, começam a engendrar mil planos a fim de vencer o medo da vida como ela é, à guisa de crianças malcriadas esperneando por causa de um mimo a que não têm direito.

A protagonista de “Em Busca de Mim”, como escancara o título do drama cheio de notas entre mordazes e quase trágicas do holandês Michiel van Erp, encontra-se, a exemplo de muita gente pretensamente bem-resolvida e bem-sucedida mundo afora, perdida no labirinto de sentimentos que se estreita mais e mais conforme torna-se mais inescapável a evidência de que a vida seguiu à revelia de nossas egocêntricas vontades.

A educação, sem sombra de dúvidas, é libertadora. Quando a Bíblia diz “conhecereis a verdade e ela vos libertará” é sobre isso que ela está dizendo, não sobre misticismos. Conhecimento é o caminho para a libertação, mas muitas vezes o sistema não quer dar liberdade a todos. Há uma seleção, que não é natural, mas capitalista, que quer a hegemonia, a todo custo, de determinados grupos de pessoas, em especial, homens, brancos e ricos.