“2 Corações” não faz outra coisa senão apontar a chance de se mudar uma tragédia em uma nova chance de felicidade, sem qualquer grande pirotecnia retórica e ainda assim de forma tocante, menos pela mensagem que pelo jeito que o diretor Lance Hool encontra para fazer com que o público capte a relevância do que se quer dizer.

O relacionamento heteronormativo demanda uma enorme energia. Ele exige que os casais sejam formados por um homem e uma mulher. A mulher, obviamente, deve ser monogâmica, enquanto o homem pode dar suas escapadelas vez ou outra. Que tenham filhos e que sejam pertencentes a um mesmo grupo social, preferencialmente. Quando alguma coisinha sai da regra, a sociedade faz cara feia, sussurra pelas costas. Algo não está certo. “Gostos e Cores”, crônica francesa sobre o amor, é uma deliciosa comédia sobre não seguir padrões.

“Onde Está Segunda?” emerge como uma intrincada tapeçaria de ação e distopia, dirigida pelo mestre do gênero, Tommy Wirkola. A narrativa, tecida com precisão, mergulha em questões pungentes sobre a liberdade individual, a vigilância do Estado e a sustentabilidade ambiental. Mergulhado em um universo onde cada personagem encarna uma peça crítica do enredo, a obra se destaca tanto por sua audaciosa exploração de temas complexos quanto pelo desempenho surpreendente de Noomi Rapace. Desafiando as convenções, “Onde Está Segunda?” exige do espectador um olhar atento e uma reflexão mais profunda.

Pablo Neruda, nome artístico — ou nome de guerra, como ele preferia — de Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, publicou seu primeiro livro cedo. “Neruda”, levado às telas por Pablo Larraín em 2016, opta, contudo, por espraiar-se sobre o que houve com a pátria do bardo chileno logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), concentrando-se em seu personagem-título e em todas as muitas contradições em torno de sua opulenta figura.

“A Mãe do Ano”, de Mateusz Rakowicz, replica tudo quanto os filmes poloneses têm mostrado, pincelando de longe em longe o que o novo roteiro, aqui a cargo de Rakowicz e Łukasz M. Maciejewski, tem a apresentar, esse, sim, um bom critério quanto a se fazer uma avaliação honesta acerca do que o enredo pretendeu dizer, ora com sutileza, ora empenhando toda a aposta no que o público absorve de uma maneira quase compulsória — o expediente mais usual.