O encontro de Otto Maria Carpeaux com Franz Kafka, em 1921

O encontro de Otto Maria Carpeaux com Franz Kafka, em 1921

Kafka não se impõe. Ele se infiltra. Não pela porta da frente, mas pela ombreira roída da linguagem. É assim que ele entra na vida de Carpeaux: como ruído, como nome mal ouvido, como presença que escapa. Nada de encontros luminosos ou frases memoráveis. Um erro fonético. Uma voz falha num salão abafado. Um exemplar dado como troco por um pagamento nunca feito. Historiadores podem discutir os fatos, levantar datas, questionar nomes. Mas há coisas que só a literatura registra com precisão: o que não foi dito, o que não foi lembrado, o que não se pode provar.

5 livros brasileiros que deveriam ser leitura obrigatória

5 livros brasileiros que deveriam ser leitura obrigatória

Cada um à sua maneira, estes cinco romances expõem as brechas da história oficial. Há quem reescreva a Bíblia com a voz da mulher silenciada. Quem narre o fim com a frieza de quem desistiu de viver antes de morrer. Há os que recusam o crachá e os que dissolvem a linguagem. E há também aquelas que tremem, não de fraqueza, mas de excesso de consciência. São livros que não se lê para descansar, mas para acordar um pouco. E se possível, continuar pensando depois da última linha.

7 estreias exclusivas e imperdíveis de julho na Reserva Imovision Divulgação / Schramm Film

7 estreias exclusivas e imperdíveis de julho na Reserva Imovision

Basta estar vivo para saber que o streaming mais seleto do mercado é a Reserva Imovision, que serve para seu público um verdadeiro banquete de produções autênticas, exclusivas, diversificadas e extremamente apuradas. As obras aqui são de realizadores autorais, que se importam verdadeiramente com a Sétima Arte e com a impressão que causam em seus espectadores. Nada de filme para quem quer apenas consumir.

A literatura como castigo: a arte de dizer pouco com muitas palavras

A literatura como castigo: a arte de dizer pouco com muitas palavras

Não, não era sobre “Homens Elegantes” (2016) a sinopse publicada pela Bula anteontem, mas este artigo é. O romance histórico do gaúcho Samir Machado de Machado talvez seja um dos livros mais pretensiosos já publicados, ainda que, reconheço, Machado de Machado seja digno de nota pelo esforço em misturar sátira, crítica ao colonialismo e uma reflexão sobre as diversas formas de masculinidade. A suposta elegância de Machado de Machado é a desculpa perfeita para falar muito e dizer pouco, uma maneira garrida de mistificação.

5 mapas literários para entender o ciúme

5 mapas literários para entender o ciúme

Sou um homem habituado às obsessões literárias, pequenas inquietações que crescem em mim como manchas de umidade na parede, lentas, persistentes, inevitáveis. Algumas surgem cedo, outras aguardam pacientemente até que a vida as torne inevitáveis. O ciúme não era uma delas. Nunca me interessou como tema filosófico, psicológico ou existencial. Era apenas ruído, drama barato, um desvio emocional que não merecia atenção especial. Porém, a literatura tem seus métodos, formas discretas e poderosas de prender nossa atenção. Foi assim que o ciúme me alcançou, não com gritos ou rompantes violentos, mas por meio do sussurro de histórias que revelam o mais discreto e doloroso dos tormentos: descobrir que o outro jamais foi, nem será, completamente nosso.