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No centro da narrativa está um piano ancestral, herdado pelos irmãos Berniece (Charity Jordan) e Boy Willie (John David Washington). A disputa sobre o destino do instrumento revela um conflito profundo: Berniece enxerga no piano um artefato sagrado, repleto de memórias e conectado aos espíritos de seus antepassados, enquanto Boy Willie o vê como uma oportunidade de progresso material. Ele acredita que vender o piano lhe permitiria adquirir uma terra que outrora pertenceu ao senhor de escravos que oprimiu sua família — uma forma simbólica de redenção.

No delicado equilíbrio entre fé e humanidade, “Virgem Maria” reconta a origem de Cristo sob a ótica de uma jovem nazarena. Dirigido por D.J. Caruso, o filme evita sentimentalismos baratos, oferecendo uma narrativa íntima e poderosa. Noa Cohen dá vida a Maria com intensidade, revelando uma figura marcada pela pobreza, mas dotada de coragem e sabedoria. Uma jornada que reflete devoção, dilemas e a força silenciosa que molda a história da redenção.

Sem dúvida, o grande trunfo de “Virgem Maria” é mostrar a concepção de Cristo sob a ótica de uma jovem nazarena, pobre, ignorante, mas sábia, capaz de aceitar um destino que sentia trágico, porém o mais nobre de todos. D.J. Caruso dá um cavalo de pau das produções sobre marmanjos enfezados a exemplo de “xXx: Reativado” (2017) e decide abordar uma história em que todo mundo mete a colher, contornando a pieguice.