Autor: J.C. Guimarães

1984, de George Orwell: a exploração do homem pelo homem está em sua natureza

1984, de George Orwell: a exploração do homem pelo homem está em sua natureza

A inspiração de Orwell é evidentemente o Comunismo, que está no auge nos anos 40 do século 20. Oceania não tem capital, mas os prédios do governo localizam-se em Londres, centro da narrativa. Parece haver uma lógica teórica nisso: Marx acreditava que a revolução proletária devia ocorrer num país industrializado da Europa, precisamente Inglaterra ou Alemanha, e jamais num país feudal como a Rússia czarista.

Quem, ou que é, o juiz Holden, de Meridiano de Sangue

A dissociação entre homem e natureza é uma invenção da cultura, sendo que esta traçou uma fronteira entre o humano e o animal, por meio dos símbolos. Cormac McCarthy violenta essa fronteira e lança-nos de volta às nossas origens mais atávicas, quando não reconhecíamos nossa humanidade. Vivíamos sujeitos aos próprios instintos, sob a hostilidade de um universo absolutamente estranho e maligno, nem sempre visível.

É preciso reafirmar a dignidade das Ciências Humanas, contra o negacionismo dos ventríloquos

É preciso reafirmar a dignidade das Ciências Humanas, contra o negacionismo dos ventríloquos

O negacionismo atual começou por negar a Política. Foi o começo de tudo, e explica muita coisa. Há coerência, apesar do déficit de tutano cerebral dos novos paladinos da sabedoria. Pois, amigos, quero ver fazer política sem Sociologia! Apesar de Brasília preferir agir no escuro (o que explica tantas aberrações), não existe governo viável sem programas e projetos.

A corrupção moral é a mãe de todas as corrupções

A corrupção moral é a mãe de todas as corrupções

É admirável como em geral não toleramos a corrupção “pública” que envolve dinheiro (desvios, subornos etc.), tudo porque achamos que apenas o dinheiro trás consequências tangíveis à nossa vida. Admirável como, por outro lado, aceitamos o que leva a práticas tão condenadas: a corrupção moral.