Autor: Giancarlo Galdino

Devido a posicionamentos políticos — e, claro, à própria natureza belicosa do gênero humano —, lamentavelmente a ONU perdeu muito de sua relevância. As guerras pelo globo continuam, mas temos o consolo de contar com o cinema a fim de fazê-las parecerem menos cruéis, ainda que sempre nefastas. A lista da Bula de hoje conta com cinco filmes, todos na Netflix, que têm a guerra — e seu rastro de destruição — como enredo.

Um artista é sua obra? No caso de Woody Allen, um dos diretores mais criativos e prolíficos do cinema é difícil responder. É sabido que as muitas experiências interferem no trabalho de qualquer um, ainda mais quando estamos falando de um artista. Por outro lado, Allen é tão profissional e tão inventivo que parece não ter necessidade de lançar mão de suas memórias para fazer bons filmes. Não que ele não se valha desse expediente de vez em quando; o que se vê ao se tomar a obra do diretor é que seus filmes têm, sim, um pronunciado componente de autobiografia, mas a força da história — e do talento de Allen — transcendem essa característica.

Distopia. Antiutopia. Mundo paralelo. Ainda que o escritor Anthony Burgess torcesse o nariz para qualquer um desses conceitos no que se referia a seu livro, o fato é que “Laranja Mecânica” é um marco da narrativa ficcional ao descrever um mundo em que o absurdo é a norma, tanto que Stanley Kubrick logo fez sua parte e o levou para a telona, em 1971. Passados 50 anos, o filme — um dos momentos mais geniais de Kubrick e da sétima arte — ainda é atual.

Ironicamente, as emoções humanas fomentam debates os mais acalorados. Vira e mexe, sempre pipoca uma ou outra pesquisa acerca de como nosso cérebro se apresenta quando exposto a determinado estímulo. Já se falou que estamos condicionados a observar um padrão mais ou menos estabelecido que descreve 27 formas de reagir às diversas situações da vida. Logo apareceu outro estudo que apregoa que 27 é muito pouco, que o homem pode desenvolver pelo menos 48 maneiras de perceber o mundo que o cerca

Passados quase 100 anos, o Oscar ainda é o centro das atenções do cinema mesmo muito tempo depois que os canhões de luz se apagam, encerra-se o show e vai todo mundo embora, uns com seu homenzinho dourado na mão, enquanto outros — a maioria — ficam no sereno. Esse burburinho é o que faz a roda da indústria dos filmes girar e o público, claro, agradece.