Autor: Giancarlo Galdino

As discrepâncias entre homens e mulheres (ou entre machos e fêmeas), são de natureza puramente física, portanto as mulheres estão cobertas de razão ao reivindicar tratamento justo e respeitoso, em casa, no mundo do trabalho, na vida em sociedade como um todo. Até as peculiaridades mais subjetivas, a exemplo de considerar uma obra de arte mais ou menos interessante, perdem a importância por completo, visto que homens gostamos de muitas coisas que mulheres também apreciam, apenas somos um tanto covardes e não o reconhecemos.

O deserto do meio-oeste americano suscita emoções — e delicadezas — dignas da mais romântica das cidades. A atmosfera de sublime nostalgia logo no princípio de “Paris, Texas” (1984), deixa claro o que o diretor Wim Wenders pretendia ao emulsificar França e Velho Oeste, ainda que a Paris do título nada tenha a ver com a Cidade Luz, à exceção de sua natureza surpreendentemente encantadora. “Paris, Texas” não é um filme romântico, mas é um filme de amor, ou melhor, de amores.

Chegamos ao mundo sozinhos, passamos boa parte do tempo na companhia agradável — ou nem tanto — de nós mesmos, e ao se aproximar o fim, nos estertores mesmo, ninguém faz a última viagem no nosso lugar. A vida pode ser dura, mas ensina tanto! Os espertos aprendem com os próprios erros, os sábios, observando as cabeçadas alheias e os estúpidos, aí só nascendo outra vez — tendo de morrer outra vez também. Nossa lista é como os cinco filmes do acervo da Netflix que sugerimos, cheinha de sabedoria.

Um dos diretores mais eruditos da história do cinema, Denis Villeneuve compõe em “A Chegada” um quadro científico — e altamente filosófico — para tentar dar respostas acerca dos grandes mistérios da humanidade. O argumento do uso da língua como forma de subjugação de povos menos desenvolvidos não é novo, mas Villeneuve acrescenta muitas perspectivas sobre o tema e entrega decerto um dos filmes mais nobres de todos os tempos. Villeneuve é um deus.

A filosofia, o amor pela sabedoria, só cabe a quem se reconhece ignorante, sempre falto de saber muita coisa numa vida tão curta. A cada nova alvorada, mais evidente se torna a convicção de que o homem, cada um de nós, não tem a menor possibilidade de desvendar o grande mistério da existência: para que vivemos e por que chegamos até aqui — só se pode inferir que alguma razão há, ou inúmeras.