Autor: Fernando Machado

Após ser boicotado em Hollywood por denunciar assédio de executivo, Brendan Fraser renasce das cinzas e leva Oscar por atuação incrível, na Netflix Divulgação / A24

Após ser boicotado em Hollywood por denunciar assédio de executivo, Brendan Fraser renasce das cinzas e leva Oscar por atuação incrível, na Netflix

Baseado na peça de Samuel D. Hunter — que também assina o roteiro —, o longa se passa quase integralmente dentro do apartamento de Charlie, um professor que já não se permite mais existir para o mundo. Suas aulas on-line são ministradas com a câmera desligada, seu convívio com outros humanos se limita a visitas esporádicas, e sua relação com o próprio corpo é permeada por uma mistura de repulsa e resignação. Charlie come compulsivamente não por prazer, mas por castigo — um ritual silencioso que vai além do apetite e se transforma numa forma de infligir a si mesmo a dor que acredita merecer.

No meio dos 3 mil títulos da Netflix Brasil, existe um filme que não é apenas o maior da plataforma — é um dos maiores da história do cinema Divulgação / Paramount Pictures

No meio dos 3 mil títulos da Netflix Brasil, existe um filme que não é apenas o maior da plataforma — é um dos maiores da história do cinema

Sergio Leone não filmou apenas um western com “Era uma Vez no Oeste” — ele cravou uma lápide poética no coração do gênero. Ao transformar o faroeste em espetáculo mitológico, Leone fez do cinema uma liturgia fúnebre: cada imagem é um lamento, cada silêncio é um presságio. O diretor italiano extraiu lirismo da aridez do deserto e construiu, sobre os escombros da violência, uma narrativa carregada de elegância trágica. Não se trata apenas de uma história sobre pistoleiros e vingança, mas de uma reflexão sobre a extinção de um mundo.

Aventura épica com Chris Hemsworth para quem ama literatura e Herman Melville, na Max Divulgação / Warner Bros.

Aventura épica com Chris Hemsworth para quem ama literatura e Herman Melville, na Max

Poucos filmes enfrentam julgamento tão enviesado quanto aqueles que se aproximam de um mito literário. “No Coração do Mar”, dirigido por Ron Howard, é vítima dessa armadilha: avaliado muitas vezes não por aquilo que oferece, mas pelo que supostamente deveria alcançar. Inspirado no naufrágio do baleeiro Essex — tragédia real que forneceu a Herman Melville a centelha para escrever “Moby Dick” — o longa se vê preso entre a crueza da história que o fundamenta e a sombra simbólica da obra que o ultrapassou.

Com atuação digna de Oscar de Jake Gyllenhaal, que perdeu 10 quilos para o papel, filmaço está sob demanda no Prime Video Divulgação / Bold Films

Com atuação digna de Oscar de Jake Gyllenhaal, que perdeu 10 quilos para o papel, filmaço está sob demanda no Prime Video

Há filmes que funcionam como espelhos; outros, como lâminas. “O Abutre” escolhe o segundo caminho. Em vez de refletir, corta. Rasga a superfície das aparências e escava o que há por trás da lógica de espetáculo que sustenta a máquina midiática. O diretor e roteirista Dan Gilroy não conduz uma denúncia moralista, mas um estudo cirúrgico sobre a simbiose entre perversão e oportunidade, escancarando a complacência social com o apetite por violência travestida de informação.

O filme mais assistido do momento é também o mais visto da Netflix em 2025, até agora: 55 milhões de vezes em 9 dias Divulgação / Netflix

O filme mais assistido do momento é também o mais visto da Netflix em 2025, até agora: 55 milhões de vezes em 9 dias

Sob uma roupagem encantadora e aparentemente otimista, “A Lista da Minha Vida” revela uma narrativa que evita a profundidade em nome da leveza emocional. Ao seguir a jornada de uma jovem convocada pela mãe falecida a cumprir antigos desejos de infância, o filme constrói um percurso de autodescoberta que, embora esteticamente cuidadoso, resiste ao confronto com suas implicações mais incômodas e entrega respostas mais confortáveis que verdadeiras.