Filme alucinante, baseado nos livros de James Dashner, na Netflix, é um dos mais assistidos no Brasil na atualidade Divulgação / 20th Century Studios

Filme alucinante, baseado nos livros de James Dashner, na Netflix, é um dos mais assistidos no Brasil na atualidade

Wes Ball, o nome por trás de “Maze Runner”, a franquia baseada nos livros de James Dashner, captura como poucos o espírito que paira livre e soberano sobre espectadores de todas as idades e se traduz em cenas que dosam com equilíbrio quase matemático movimento e reflexão, levando a audiência ao centro de questões com as quais cada um já confrontou-se ao longo da vida, mormente numa fase específica, em que tudo é caos e nos fede a conspiração universal contra nossos sonhos e a orientação de pais atentos é fundamental a fim de se manter a sanidade.

Como se está farto de saber, Thomas, o herói interpretado por Dylan O’Brien no transcurso da envolvente trilogia, jamais teve pai nem mãe, e em “Maze Runner: Prova de Fogo” continua servindo de líder precoce aos outros jovens sobreviventes de um mundo arruinado, libertos da gigantesca muralha que os dominava, porém agora cativos de uma força também nefasta — e, pior, cinicamente mortal. O roteiro de T.S. Nowlin, coescreveu o primeiro longa da franquia com Noah Oppenheim e Grant Pierce Myers, aposta na iteração de elementos de que Ball já lançara mão em “Correr ou Morrer”, o que tira boa parte do vigor narrativo de “Prova de Fogo”; no entanto, as cenas ágeis, levadas pelo elenco dedicado, mantêm a história quente.

Fatos verdadeiramente excepcionais acontecem quando nos contempla a juventude. Nessa etapa singular da vida, momento de descobertas, uma languidez sem nada que a possa aplacar, alegrias pelas coisas mais irrelevantes, desertos de mil solidões que só mesmos podemos atravessar com o cansaço de nossas pernas, estamos vulneráveis aos demônios que fazemos questão de alimentar, e, como se por encanto, um novo raio de sol invade a alma toda trancada e uma promessa de felicidade nos renova.

A vertente de livros e filmes sobre os dissabores e as epifanias de gente naquela fase complexa definida pelo ocaso da adolescência e o princípio da vida adulta torna-se ainda mais robusto quando nos damos conta de que rodeia-nos um poder de que ninguém mais desfruta, e é por aí que Ball segue, evidenciando o carisma magnético — e quiçá sobrenatural — de Thomas.

O herói de O’Brien fugiu da Clareira com Newt, Caçarola, Teresa, Minho e Winston, e o protagonista é pouco se isolado dos coadjuvantes, com destaque cada vez maior de Ki Hong Lee. Minho, como se vai assistir em “A Cura Mortal”, a terceira e última parte da série, perde-se irremediavelmente, mas antes, Winston, encarnado por Alexander Flores, presta-se ao cordeiro profano que expia o ousado sonho de liberdade do sexteto, a que se junta Aris, o estranho prisioneiro do Catástrofe e Ruína Universal: Experimento Letal, o CRUEL. A verdade é que eles permanecem cativos da sinistra organização que pesquisa a cura para o Fulgor, o inclemente vírus que deu cabo da Terra. A doutora Ava Paige, de Patricia Clarkson, ainda é a grande vilã aqui, e conduz a trama para o derradeiro segmento sem que vislumbre nenhuma chance para os garotos, acossados também pelos Cranks, os monstros apocalípticos que infernizam clareanos e os membros do CRUEL.


Filme: Maze Runner: Prova de Fogo
Direção: Wes Ball
Ano: 2015
Gêneros: Ficção científica/Ação
Nota: 8/10