Romance épico com Ralph Fiennes que levou 9 estatuetas do Oscar está na Netflix e vai deixar seu coração em chamas Divulgação / Miramax

Romance épico com Ralph Fiennes que levou 9 estatuetas do Oscar está na Netflix e vai deixar seu coração em chamas

Estar na indústria cinematográfica nem sempre significa saber quais projetos são os mais promissores. “O Paciente Inglês” foi um desses filmes cuja produção iniciou-se cercada de incertezas e falta de verba. O filme, que pertencia à Fox, acabou nas mãos da Miramax depois que o primeiro estúdio abandonou a produção devido a um desacordo com o diretor, Anthony Minghella, sobre a contratação de Kristin Scott Thomas. A Fox queria que a personagem dela fosse interpretada por Demi Moore, que era mais famosa na época.

Além disso, Bruce Willis rejeitou o papel de Caravaggio, um dos personagens centrais da trama, que acabou ficando nas mãos de Willem Dafoe, depois que seu agente o aconselhou a não aceitar o papel. Bruce Willis demitiu o agente depois que “O Paciente Inglês” arrecadou 10 vezes mais do que seu valor de produção nas bilheterias, foi aclamado pela crítica e ganhou nada menos que nove estatuetas do Oscar. Imaginem só a frustração de Willis.

Baseado em um romance de Michael Ondaatje, escritor nascido no Sri Lanka e radicado no Canadá, o livro foi publicado em 1992, e o filme foi lançado apenas quatro anos mais tarde. Ondaatje inclusive esteve no Brasil, em 2005, visitando a Feira Internacional de Literatura de Parati. Mas, retomando ao filme, testemunhamos um romance épico que narra histórias paralelas e que se cruzam em um complexo emaranhado de acontecimentos que desembocam em um final amarrado e contundente.

O filme começa com a queda de um avião com dois passageiros no meio do deserto do Saara. A princípio, não sabemos de quem se trata, mas, conforme as cenas se desdobram, ganhamos a consciência de que o único sobrevivente, Almásy (Ralph Fiennes), é quem pilotava o avião. A história acompanha mais de uma linha temporal. No entanto, a condutora é aquela em que nos encontramos com a enfermeira Hana (Juliette Binoche), que trabalha para salvar vidas de soldados na Segunda Guerra Mundial. Seu noivo morreu recentemente na guerra.

Quando uma amiga enfermeira se torna mais uma vítima do conflito voraz, Hana acredita que está amaldiçoada e que todos a quem ama acabam morrendo. Encarregada de cuidar de Almásy, um paciente gravemente deformado por queimaduras, que não se lembra de sua identidade e nem de seu passado, ela perambula com ele no território conflituoso e inseguro da Itália até encontrar um mosteiro em uma vila abandonada. Lá, ela se estabelece e passa a arrumar o local para que funcione como uma espécie de enfermaria, onde cuida de seu misterioso paciente inglês.

A verdade é que Almásy não é inglês. Ele é um piloto e cartógrafo húngaro, chamado Lásló Almásy, que tem livros publicados e fez parte de uma expedição arqueológica e topográfica da Royal Geographical Society. Na equipe em que trabalhou, faziam parte Geoffrey (Colin Firth) e Katherine Clifton. Durante a documentação de pinturas rupestres em cavernas do Cairo, Almásy e Katherine se apaixonam e começam a ter um caso, mas depois de um tempo, o romance se desfaz porque ela tem medo que o marido descubra.

As lembranças do passado retornam à mente de Almásy graças a um livro que ele carrega consigo, das Histórias de Heródoto, com anotações e fotografias. Enquanto é cuidado por Hana, que luta para não se apaixonar por um soldado do exército indiano britânico, Kip (Naveen Andrews), um agente da inteligência canadense chamado Caravaggio (Dafoe) revela que está à procura de um homem que o entregou ao exército alemão que o torturou.

Conforme as histórias de cada personagem se desenrolam, é revelado também que suas vidas, de alguma maneira, se cruzam, levando o enredo a um final surpreendente e devastador.

Ovacionado à época de seu lançamento, “O Paciente Inglês” possui fotografia de John Seale, que levou o Oscar, marcada pelas paisagens desérticas e expansivas que exploram instrumentos, como chiaroscuro, para proporcionar mais dramaticidade à história e evocar lirismo, preenchendo-a de emoção e envolvendo os espectadores emocionalmente. Simétrica, étnica —  explorando  diversas localidades — e as belezas locais, a estética de “O Paciente Inglês”, na Netflix, unida pela riqueza de detalhes de seu enredo belissimamente adaptado para as telas e as atuações robustas e irretocáveis, contribuem para um filme que marca a história do cinema e jamais será esquecido.


Filme: O Paciente Inglês
Direção: Anthony Minghella
Ano: 1996
Gênero: Romance/Drama
Nota: 10