O melhor filme da Netflix é e é provável que você ainda não o tenha assistido El Deseo / Iglesias Mas

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Pedro Almodóvar, um ícone do cinema espanhol, imprime em “Mães Paralelas” uma narrativa repleta de complexidade emocional e reflexões sociopolíticas. Neste filme, a maternidade surge não apenas como um tema central, mas como um prisma através do qual Almodóvar explora aspectos mais profundos da condição humana e da história espanhola.

Penélope Cruz, uma colaboradora de longa data de Almodóvar, brilha no papel de Janis, uma fotógrafa madrilenha cujo desejo de maternidade se entrelaça com as vicissitudes de uma carreira em ascensão. A sua atuação, permeada de nuances e intensidade, evidencia a habilidade de Cruz em personificar a visão artística do cineasta, uma parceria que tem se solidificado ao longo dos anos.

O filme destaca-se por sua abordagem singular ao entrelaçar as vidas de Janis e Ana, interpretada pela jovem atriz Milena Smit. Este encontro, aparentemente casual, revela uma trama complexa onde o passado e o presente se encontram. A maternidade, experimentada de maneiras distintas pelas protagonistas, torna-se o fio condutor que explora temas como autonomia feminina, legados familiares e as cicatrizes deixadas pela Guerra Civil Espanhola.

Almodóvar, conhecido por seu estilo único, utiliza elementos como a cor vibrante e a estética cuidadosamente elaborada para realçar a narrativa. O filme, ao mesmo tempo que é profundamente pessoal e intimista, não hesita em abordar questões mais amplas, como as feridas históricas de um país ainda em busca de respostas para seu passado sombrio. Este aspecto confere a “Mães Paralelas” uma dimensão política sutil, mas poderosa, que se manifesta tanto na jornada pessoal de suas personagens quanto nos ecos históricos que reverberam em suas vidas.

A cinematografia de José Luis Alcaine contribui para a riqueza visual do filme, enquanto o elenco de apoio, incluindo nomes como Aitana Sánchez-Gijón e Rossy de Palma, adiciona camadas de profundidade à história. O resultado é uma obra que desafia as convenções, misturando o melodrama com a reflexão social de maneira magistral.

“Mães Paralelas” confirma Almodóvar como um contador de histórias excepcional, capaz de capturar a complexidade das emoções humanas e de tecer narrativas que refletem tanto as experiências individuais quanto coletivas. É um filme que, fiel ao estilo de Almodóvar, celebra a vida em todas as suas facetas, desde a efemeridade até a eternidade, um lembrete da contínua dança entre a alegria e a tristeza, o passado e o presente.


Filme: Mães Paralelas
Direção: Pedro Almodóvar
Ano: 2021
Gênero: Drama/Comédia/Suspense
Nota: 10/10