Comédia romântica inteligente e irresistível na Netflix parece ter saído da mente de Woody Allen Divulgação / Echo Parked Productions

Comédia romântica inteligente e irresistível na Netflix parece ter saído da mente de Woody Allen

Há um charme em “Spivak” que me lembra Woody Allen. Talvez seja porque seu protagonista, Michael Bacall, tem uma certa semelhança física com o cineasta nova iorquino. Ou, talvez, sejam os elementos caóticos, neuróticos e problematizadores da personalidade do personagem que me remetem ao realizador. “Spivak” poderia ter sido escrito, dirigido e protagonizado por Allen e, se tivesse sido, teria muitos mais diálogos e um pouco mais de carisma.

Mesmo assim, o trabalho feito por Anthony Abrams e Adam Larson Broder não é nada mau. Na realidade, é um filme bem interessante e adorável. Wally Spivak é um bibliotecário aspirante a escritor, que vai passar o Dia dos Namorados sozinho. Introspectivo, frustrado e com baixa autoestima, ele tem um encontro desagradável com Robby (Michael Cera), um colega a quem considera rival simplesmente por ter conquistado as coisas que não alcançou: a publicação de seu livro e uma namorada. Em sua casa minúscula, que divide com Kevin (Elden Henson) e Jesse (Mark Webber), ele se enfurna em seu quarto, se escondendo de seu desconforto em relação a absolutamente tudo na vida e escrevendo o livro que espera um dia publicar.

Ele é convencido a sair de casa na noite do Dia dos Namorados pelos dois colegas de quarto, que esperam encontrar garotas solteiras e carentes para levarem para casa. No meio do caminho, os dois decidem ir até uma boate em Las Vegas, onde um conhecido garantiu ter muitas solteironas em busca de um par para confortá-las.

O local, no entanto, está povoado de moscas e figuras excêntricas. Wally se senta no bar emburrado com os dois amigos que o forçaram a estar ali. Até que algo surpreendente acontece: uma mulher bela e simpática chama Wally para ir até seu quarto de hotel. Ele, claro, não rejeita a oferta e experimenta uma noite incrível e romântica ao lado de Jeanine (Maggie Lawson). No dia seguinte, eles se despedem e acreditam que nunca mais terão a oportunidade de se reencontrarem, mas o acaso prepara algumas surpresas para os dois.

Embora os amigos de Wally não tenham acreditado quando ele contou sobre sua noite com a loira deslumbrante, eles avistam Jeanine duas vezes naquele mesmo dia acompanhada de seu noivo, Chuck (Robert Kazinsky). Ela  apresenta Wally ao parceiro, que parece saber e não se importar com o fato de sua noiva ter tido uma noite romântica com outro homem. Da segunda vez em que eles se encontram, Wally questiona o casal sobre o que estaria acontecendo. Chuck e Jeanine explicam que irão se casar em breve e que se deram, mutuamente, a oportunidade de extravasar com pessoas diferentes naquela noite específica antes da realização do casamento.

Surpreendentemente, Chuck e Jeanine se interessam bastante por Wally e desejam ser seus amigos. Eles o convidam para jogar golfe, viajar pela costa, ir ao jogo do Lakers e até o apresentam para uma amiga, Tammy (Ahna O’Reilly), com a intenção de uní-los. O casal se interessa pela rotina intelectual de Wally e deseja adquirir conhecimentos com a convivência. No entanto, a amizade está prestes a transformar a vida de Chuck, Jeanine e Wally para sempre, forçando os três a saírem de suas zonas de conforto e encararem uma nova faceta da vida.

Uma comédia observacional que reúne drama e romance, “Spivak” explora as relações românticas atuais, as pressões por sucesso e as amizades. Sua comédia é sutil, inteligente e sagaz e a qualidade da produção, que parece independente, é cimentada com boas atuações.


Filme: Spivak
Direção: Anthony Abrams eAdam Larson Broder
Ano: 2018
Gênero: Romance/Comédia
Nota: 8/10