Indicada a 8 Oscars, a obra-prima de Denis Villeneuve está na Netflix e você pode não tê-la assistido Divulgação / Paramount Pictures

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O filme “A Chegada” é uma inebriante viagem ao âmago da mente humana, onde Denis Villeneuve, o aclamado cineasta franco-canadense, tece uma narrativa que transcende os limites do gênero. Ele traça paralelos profundos entre a ficção científica e o suspense psicológico, revelando a dualidade da natureza humana e os mistérios insondáveis do cosmos. Ao mergulhar no universo literário de Eric Heisserer, Villeneuve pinta um quadro repleto de visões oníricas que oscilam entre o terror e o sublime, provocando reflexões sobre o desconhecido que se esconde em cada um de nós.

Estas cenas, que inicialmente confundem, tornam-se progressivamente um espelho de nossos anseios e medos mais profundos. Emerge, então, uma reflexão sobre a condição humana: nossos instintos primordiais, nossa inabalável ligação com o mundo material e a constante necessidade de afirmar nosso domínio. Esta luta pelo poder encontra um adversário à altura em uma entidade ancestral, cuja presença tem sido apenas um sussurro silencioso ao longo dos séculos.

A noção de que cada conto tem seu início, desenvolvimento e desfecho serve de metáfora para o ciclo da vida e até mesmo para o destino de nosso planeta e do vasto universo. Reflexões sobre a impermanência são tão antigas quanto a própria humanidade. Em sua busca incessante por respostas, Albert Einstein, com sua Teoria da Relatividade, provocou questionamentos profundos sobre a natureza do tempo e do espaço. Seus insights abrem portas para uma realidade onde o tempo pode ser flexionado e moldado à vontade.

Stephen Hawking, em sua monumental contribuição à ciência, ampliou essa visão ao explorar as peculiaridades do espaço-tempo e a enigmática natureza dos buracos negros. Estes fenômenos cósmicos, onde a luz se transforma e revela novas energias, podem ser o portal para um recomeço universal. A linguista Louise Banks, em meio ao caos que se desenrola em “A Chegada”, busca desvendar os enigmas de uma linguagem alienígena. Seu impulso incansável por comunicação é uma bússola que a guia em sua jornada de luto e redenção. Amy Adams, com sua atuação intensa e emocional, nos conduz através dos corredores sombrios da memória e do desejo.

Denis Villeneuve, com sua destreza cinematográfica, estabelece conexões entre conceitos científicos complexos e as emoções mais íntimas da alma humana. Louise Banks, ao lidar com os seres extraterrestres, não só busca uma forma de comunicação, mas também uma maneira de curar suas feridas internas, tentando resgatar momentos perdidos com sua filha Hannah.

Essa busca por redenção se entrelaça com os esforços de Ian Donnelly, interpretado magistralmente por Jeremy Renner. Juntos, eles formam um elo que vai além do acadêmico, revelando que, no centro deste turbilhão de descobertas, está o eterno anseio humano por conexão e amor. Afinal, “A Chegada” não é apenas uma história sobre encontros intergalácticos, mas uma reflexão profunda sobre a essência do amor e da humanidade.


Filme: A Chegada
Direção: Denis Villeneuve
Ano: 2016
Gêneros: Ficção Científica/Thriller
Nota: 10/10