Comédia na Netflix vai te ajudar a desligar o cérebro e esquecer todas as preocupações Divulgação / Red Rover Films

Comédia na Netflix vai te ajudar a desligar o cérebro e esquecer todas as preocupações

Bem, racismo, homofobia e machismo parecem bastante fora de moda – E SÃO MESMO – , mas o que o mundo ainda tolera pacientemente é criançafobia. Tudo bem postar vídeos desconcertantes de crianças dando birra (algo natural e que faz parte do processo de desenvolvimento neurológico de todo ser humano) e vomitar ódio em pais cujos filhos correm pelos restaurantes e choram dentro de aviões. Crianças são colocadas em algum patamar inferior de importância e empatia, abaixo até mesmo dos pets. Bater em animais é um assunto que gera comoção (e é passível de prisão), mas bater em crianças é questão de disciplina.

“O Filho do Noivo” é o título em português para a comédia “I Hate Kids”, dirigida por John Asher e escrita por Frank Dietz e Todd Traina. Tom Everett Scott interpreta Nick Pearson, autor de um best-seller que conta sua experiência sobre odiar crianças. Bem-sucedido e prestes a se casar, ele tem tudo que espera da vida. Até que na noite de seu noivado, Nick é surpreendido por um garoto de 13 anos, Mason (Julian Feder), que anuncia ser seu filho.

Depois de estragar a noite de Nick, Mason, que está acompanhado do médium Fabular (Tituss Burgess), o reencontra para explicar a situação. O garoto, que viveu toda sua vida em um lar adotivo, comprou um tufo de cabelo de Nick pelo e-Bay, depois de uma visão de Fabular, e fez o teste de paternidade, que deu positivo. A proposta do adolescente para Nick é que ele o ajude a encontrar sua mãe biológica. Então, o trio parte em uma peregrinação por Los Angeles para identificar qual das ex-namoradas de Nick é a mãe de Mason.

O filme constrói suas piadas em caricaturas de mulheres loucas, neuróticas, ressentidas. Uma piada transfóbica aqui e pronto, você acha que “O Filho do Noivo” atingiu sua cota de ofensas. Até que uma parada até uma mãe estressada com muitas crianças para cuidar revela quem, finalmente, é a mãe do garoto. Nosso protagonista despeja o menino na casa da suposta mãe, como se apenas ela fosse responsável pela concepção da criança. A mulher, claramente sobrecarregada, aceita mais uma cabeça sob seu teto. Mas o filme a retrata como “uma pessoa não muito legal”, depois de ela colocar duas crianças mais velhas de castigo após elas pintarem todo o rosto do bebê com canetinha.

Um dia após deixar Mason na casa da ex, Nick se arrepende e retorna para buscá-lo, mas o garoto já havia tomado a iniciativa de partir. Agora, tocado pelos dois dias de experiência que teve com o filho, Nick quer reavê-lo e fazer seu papel de pai. Então, toda a concepção sobre não ter filhos na qual Nick fundamentou sua vida e carreira caem por terra.

Com um histórico de homem sedutor, lobo solitário e bem-sucedido, Nick já inicia o filme em seu processo de transição para se tornar uma pessoa melhor, quando decide se estabelecer com a mulher na qual ama. Mas, para que seu caráter seja completamente remodelado e aperfeiçoado, ele precisará colocar em risco a relação com sua noiva, a única mulher que realmente respeitou ao longo de sua vida adulta, e assumir o filho.

No contato com o garoto, percebe que pode, sim, ter uma relação profunda com uma criança e se sentir inspirado por ela. Maison desperta em Nick a vontade de ser uma pessoa melhor e que pensa nos outros, além de si próprio.

O filme vai se lapidando enquanto desenrola e melhorando sua mensagem. Mesmo assim, Asher e seus roteiristas precisam evoluir, não apenas para sair de suas ideias ultrapassadas de mundo, mas também para desenvolver histórias que sejam mais sedutoras e criativas, com um humor mais elaborado e menos clichê. Se você não se importa com o politicamente correto, “O Filho do Noivo” serve de abstração.


Filme: O Filho do Noivo
Direção: John Asher
Ano: 2019
Gênero: Comédia
Nota: 7/10