Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), filósofo da Grécia Antiga, é, decerto, um dos maiores sábios que a humanidade já produziu. Tendo conseguido estender seu campo de observação aos mais diversos temas, da física à música, da linguística à biologia, passando pela metafísica, pela poesia, drama, lógica, retórica, política, economia e zoologia, Aristóteles chega à ética, ciência que permeia — ou, pelo menos, deveria permear — todas as outras. Aristóteles se dedicou com tal afinco quanto a explicar no que consistiria a disciplina, a mais particular na plêiade dos textos elementares para o conhecimento, que, dentre todas as ricas contribuições de seu gênio a fim de entender e aprimorar a natureza humana, a ética figura como sua menina-dos-olhos — e não por acaso Aristóteles é visto como o fundador da ética. Nas tantas aulas que ministrou sobre o assunto, Aristóteles analisava o comportamento do homem frente a situações extremas, que o desafiavam justamente por seu caráter dicotômico e paradoxal, ou seja, a decisão mais fácil é errada e a mais complexa poderia, muitas vezes, resultar na interrupção da vida, o que gera um problema de vulto. Se o homem deve se empenhar por conservar-se vivo, uma vez que a existência é uma dádiva que lhe concede o Céu — ou a biologia, para os céticos — e, em verdade, nem lhe pertenceria, como ser ético se a ética o impeliria à morte? A resposta, em se tomando apenas a biologia, remeteria à impossibilidade da ética no homem, animal como outro qualquer, que visa, depois do nascimento e do desenvolvimento — no caso específico do homo sapiens, trinta anos depois ou ainda mais —, a reproduzir-se, para dar à sua espécie a chance mais primeva de continuidade, e, afinal, morrer, voltar à terra, de onde tudo vem, em maior ou menor proporção, o que não deixa de ter seu aspecto transcendental; por essa razão, ao falar de ética, Aristóteles prescinde do argumento biológico e chama às falas a metafísica, “a filosofia primeira” — expressão erroneamente atribuída à sua lavra, malgrado tenha sido mesmo ele o polímata que foi mais longe no estudo de uma filosofia que rege todos os outros saberes, a filosofia além de toda filosofia. À luz da metafísica, sobreposta à ética, é que a discussão do bem agir humano ganha sentido, tenham os agentes a crença, a fé, que tiverem. Sempre rogando aos céus por alguém que o redima — e quanto mais pirrônico o sujeito, mais desesperado e histriônico se torna em seu clamor —, o homem encontra na figura de seus iguais uma promessa de dias gloriosos, por mais vã que seja a glória do mundo. É natural que alguns desses personagens agreguem a seu nome fama internacional dado o caráter público de sua atividade e a proeminência com que a exercem, o que fomenta um processo de retroalimentação, isto é, quanto mais famoso, mais admirado, e quanto mais incensado, mais célebre. O alemão Michael Schumacher foi, sem dúvida, o melhor piloto de Fórmula 1 de seu tempo — até porque seu concorrente imediato, o brasileiro Ayrton Senna da Silva (1960-1994), morrera no auge da carreira, aos 34 anos, precisamente no exercício de sua profissão; se tivesse seguido a vida como ela deveria ser, e como ele merecia, talvez a história fosse outra. Nove anos mais novo, Schumacher tinha Senna como espelho, inspiração que, amalgamada a seu talento, o levou a conquistar o campeonato mundial por sete vezes, feito superado pelo inglês Lewis Hamilton apenas em 2020. Boa parte da história do atleta — que encerrou a carreira em 2012 e que, no ano seguinte, foi vítima de um acidente de esqui que o deixou paraplégico — é contada no documentário “Schumacher” (2021), dos diretores germânicos Hanns-Bruno Kammerstöns, Michael Wech e Vanessa Nöcker. Embora a humanidade siga carecendo de um guia, o herói anônimo que protagoniza “O Pai que Move Montanhas” (2021), do romeno Daniel Sandu, se contenta em salvar o próprio filho, que se perdera durante um passeio pelas montanhas geladas da Romênia no inverno. “Schumacher”, “O Pai que Move Montanhas” e outros cinco títulos — cinco lançados em 2021, e os sete recém-chegados à Netflix —, evidenciam, a um só tempo, os lados obscuro e luminoso do homem, esse bicho nefasto e maravilhoso.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
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Em 2012, os distritos do norte de Marseille, na França, apresentam índices de criminalidade fora do controle, os maiores do país. Completamente entediados, três policiais, os BAC Nord, desejam juntar o útil ao agradável ao sair da rotina e, de lambuja, erradicar o tráfico de entorpecentes, atávico na vizinhança. Sem muita ideia de onde estão se metendo — e nada preocupados com perfumarias como direitos humanos e ética —, esses mosqueteiros pós-modernos se jactam de sua natureza justiceira, mas não contavam que o feitiço poderia virar contra eles quando uma informante entra na brincadeira.
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Ao se deslocar de trem para o trabalho em Manhattan, em Nova York, coração do coração do mundo, um advogado assiste estarrecido, a exemplo de todos os outros passageiros, a uma das maiores tragédias da história. Por uma ironia do destino, Ken Feinberg, conhecido pelo rigor com que lida com seus casos, balança ao se deparar com o maior desafio da carreira: precisar o valor que cada família atingida pelos atentados terroristas às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, deve receber.
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Acostumado aos holofotes, Michael Schumacher, heptacampeão mundial de Fórmula 1, entendia muito bem o jogo em que se prestava como uma das peças mais valiosas. Schumacher, profissional até o osso, atendia todos os repórteres, não se furtava a uma ou outra provocação, a uma ou muitas grosserias, mas se mantinha impávido — e o sangue frio tão característico de sua personalidade decerto contribuiu para que chegasse tão longe numa das mais competitivas e perigosas carreiras do esporte até então. Reservado na vida pessoal, Schumi reconhecia a grandeza de colegas como o brasileiro Ayrton Senna da Silva (1960-1994), nove anos mais velho e fonte de inspiração. Schumacher e Senna eram rivais como raramente se veem hoje: titãs nas pistas, genuínos cavalheiros fora delas. Com depoimentos de personagens intrinsecamente ligados à Fórmula 1, casos do também ex-piloto londrino Damon Hill e do empresário Bernie Ecclestone, mandachuva da categoria até 2017, “Schumacher” prioriza o mito, mas não deixa de reverenciar o homem. Michael Schumacher deixou o automobilismo em 2012 e, um ano depois, sofreu um acidente durante um passeio de esqui pelos Alpes da França. Até hoje, o ex-atleta se submete a tratamento para reversão das sequelas.
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Mircea, aposentado da rotina exaustiva como policial, se encontra obrigado a reviver os velhos tempos da pior forma. Durante um passeio pelas montanhas nevadas da Romênia, o filho desaparece; começa para esse então pacato pai de família uma corrida contra o relógio, a fim de resgatá-lo vivo. O problema é que Mircea não sente muita firmeza nas equipes de busca, e toma a frente da missão. Aos poucos, o ex-policial se dá conta de que, por mais experiente que seja e por maior que se constitua seu amor pelo filho, os perigos se sobrepõem com frequência quase insuportável, o que se lhe revela um teste físico — e de espírito.
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Nascido numa família pobre, Vesemir se torna um homem arrogante e poderoso, corrompido pelo dinheiro e sua ideia de uma pálida felicidade, baseada em luxos e influência, e fascinado por seu talento para persuadir os outros. Anterior a Geralt de Rívia, o bruxo mais famoso do Continente, Vesemir gradativamente toma consciência de que não pode viver apenas para usufruir os bens da matéria e deve honrar sua condição de ser fantástico, visando à continuação das artes do ocultismo.
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Não deveria haver nada de errado em uma família, ao fim de uma semana exaustiva, ir para um lugar bucólico e desfrutar do sossego de uma casa junto ao mar. É o que fazem Adelaide e Gabe, que rumam a uma cidadezinha quente do litoral com os filhos. Tudo bem à perfeição, todos descansam e partilham bons momentos, até que um caravana repleta de pessoas nada convencionais se aproxima deles. Coincidentemente ou não, são todos muito parecidos entre si, o que desencadeia uma sucessão de acontecimentos inexplicáveis e macabros.
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Robert McCall é um perito em se reinventar. Antes dono de loja de ferragens, depois de largar o trabalho na polícia, em “O Protetor 2”, continuação do filme de 2014 e baseado na série dos anos 1980, McCall ganha a vida como motorista e ajuda pessoas em conflito com a lei. Ao saber que Susan Plummer, uma amiga, é executada no decorrer da investigação de um caso, um assassinato na Bélgica, McCall volta às origens e vai atrás de Dave, o velho parceiro de diligências, a fim de desvendar indícios sobre a autoria do delito.