5 filmes recomendados por Denis Villeneuve que estão na Netflix — e vão te prender no sofá a semana inteira Divulgação / Netflix

5 filmes recomendados por Denis Villeneuve que estão na Netflix — e vão te prender no sofá a semana inteira

Há diretores que indicam filmes como quem organiza uma vitrine, com cortes apressados e justificativas técnicas. Denis Villeneuve parece operar em outra frequência. Quando menciona algo que viu e o marcou, o gesto não soa publicitário nem casual. Soa como quem compartilha uma experiência interna, sem muito interesse em explicá-la. Esse tipo de recomendação não é fácil de classificar, mas diz muito sobre quem a faz. E, nesse caso, diz ainda mais sobre os filmes. Basta olhar com calma para cinco títulos que já foram mencionados pelo diretor em entrevistas ou festivais e que hoje estão disponíveis na Netflix. “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, por exemplo, poderia facilmente ser um filme de Villeneuve, não pelo estilo, mas pela obsessão com o tempo, a culpa e o poder destrutivo do pensamento. “Fragmentado”, de M. Night Shyamalan, ecoa o interesse por estados mentais limítrofes, onde a realidade se fragmenta sem aviso. “O Irlandês”, de Martin Scorsese, é pura reverberação. Um épico que dissolve a glória do passado em silêncio constrangedor, quase como uma elegia. Já “Cabo do Medo”, também de Scorsese, faz o caminho oposto. Tudo nele é tensão em estado bruto, a moral em confronto direto com o medo e a obsessão.

Por fim, “Um Lugar Silencioso — Parte II”, de John Krasinski, parece o mais distante do universo de Villeneuve, mas talvez por isso mesmo funcione. É um exercício de contenção narrativa, onde o som vira limite e linguagem. Juntos, esses cinco filmes não formam uma coleção coesa em termos de gênero ou origem, mas compartilham uma mesma inquietação latente. Não é preciso ver todos de uma vez, nem na ordem. Mas assistir a qualquer um deles com atenção plena pode provocar o tipo de desconforto que não incomoda. Apenas desloca. Villeneuve talvez nunca tenha dito isso exatamente, mas parece entender que certos filmes não servem para passar o tempo. Servem para ficar com ele. Ou atravessá-lo. E quando isso acontece num fim de semana qualquer, o que poderia ser apenas mais uma rolagem de catálogo vira, de repente, um mergulho. Breve, sim. Mas ainda assim um mergulho.