Alguns consideram “Frankenstein”, de Mary Shelley, o marco inaugural da ficção científica. Nascido por volta do século 19, o gênero despertou o interesse de pensadores inquietos, impressionados com os rápidos avanços científicos e tecnológicos, bem como com as novas filosofias surgidas a partir do Iluminismo. Se a ciência começava a brincar de Deus no romance gótico de Shelley, logo passou a imaginar viagens espaciais e temporais, civilizações alienígenas, sociedades integradas entre humanos e andróides e distopias tecnológicas, concebidas muito antes de a inteligência artificial se tornar parte do nosso cotidiano.
No cinema, foi durante a Guerra Fria que a ficção científica se transformou em um fenômeno de massa. Filmes como “2001: Uma Odisseia no Espaço”, “Star Wars” e “Blade Runner” permitiram que a tecnologia se expandisse nas telas, criando efeitos visuais cada vez mais impressionantes e refletindo as angústias existenciais de uma sociedade que viu a ciência evoluir em ritmo acelerado, capaz de destruir mundos em segundos, criar realidades virtuais, interligar o planeta em um clique e arquivar a memória humana em um chip.
Apesar de tanto avanço, o mundo não se tornou mais habitável. Pelo contrário: com a natureza cada vez mais desgastada, o aquecimento global, a possível escassez de água potável e outros dilemas apocalípticos, o futuro tornou-se também imprevisível. A ansiedade social diante das incertezas é um dos principais motivos pelos quais a ficção científica continua sendo tão adorada. Ela espelha nossos medos mais profundos, e palpáveis. Nessa lista, exploramos mais do tema.Ad Astra (2019), James Gray

Um engenheiro espacial é convocado para uma missão ultra-secreta após misteriosos surtos de energia ameaçarem a vida na Terra. Acredita-se que a origem esteja em Netuno, onde seu pai, desaparecido há décadas durante uma expedição para buscar vida inteligente, pode ainda estar vivo e envolvido nos eventos. Em uma jornada que o leva da Terra à Lua, de Marte ao espaço profundo, ele enfrenta sabotagens, silêncios, traições e confrontos éticos enquanto mergulha nas verdades dolorosas de sua família. Isolado, precisa confrontar os limites da racionalidade e a ausência de vínculos humanos no vácuo sideral, à medida que o propósito da missão se transforma em uma busca existencial por sentido, perdão e reconexão.

Num futuro próximo, a Terra está à beira do colapso ambiental. As plantações estão morrendo e tempestades de poeira ameaçam a sobrevivência humana. Um ex-piloto da NASA é recrutado por um grupo secreto para liderar uma missão interplanetária: atravessar um buraco de minhoca recém-descoberto perto de Saturno e procurar um novo planeta habitável. Enquanto a equipe viaja por galáxias desconhecidas, enfrenta distorções do tempo, planetas hostis e decisões morais extremas. Paralelamente, uma jovem cientista tenta decifrar uma equação que poderia salvar a humanidade. A conexão emocional entre pai e filha se torna a âncora de uma narrativa em que a relatividade do tempo e os limites da ciência desafiam o amor, a esperança e a própria noção de destino.

Em um futuro totalitário, a guerra foi erradicada através da supressão das emoções humanas. Toda forma de arte, literatura ou música é proibida, e os cidadãos são obrigados a tomar diariamente uma substância que inibe qualquer sentimento. A paz é mantida por clérigos, soldados treinados em uma arte marcial letal, incumbidos de exterminar qualquer traço de emoção ou rebeldia. Um desses agentes, extremamente eficiente, deixa de tomar a dose obrigatória e, ao redescobrir o que é sentir, começa a questionar o regime que protege. Em segredo, se une a um grupo de resistência e planeja derrubar o sistema que antes ajudava a manter. A luta interna entre dever e consciência se entrelaça à violência e à esperança de recuperar a liberdade perdida.