Se você acha que já viu tudo na Netflix, esses 7 filmes vão provar que não Divulgação / Universal Pictures

Se você acha que já viu tudo na Netflix, esses 7 filmes vão provar que não

A história da humanidade é marcada por momentos em que impasses morais tornam-se inevitáveis. Guerras devastadoras, pestes implacáveis, escassez de alimentos e fome deixam o ser humano no limite. Circunstâncias como essas exigem as decisões mais árduas, aquelas que confrontam o que somos, o que acreditamos e o que estamos dispostos a fazer para continuar no jogo. Em meio ao caos, conceitos como ética, justiça e lealdade são colocados à prova, revelando tanto a grandeza quanto a miséria da alma do homem. Em tempos de embates bélicos nascem heróis e covardes em proporções equivalentes, legando um ensinamento inspirador às gerações seguintes. Frente a prisioneiros inimigos, um soldado pode ter de optar entre cumprir o protocolo de execução ou salvar uma vida inocente, arriscando-se ele mesmo a ir parar diante do pelotão de fuzilamento, acusado de traição. Civis, por seu turno, têm a escolha de ou abrigar perseguidos por regimes liberticidas e serem também alvo do escrutínio das autoridades, ou, de, comodamente, fechar os olhos à iniquidade e ao martírio alheio. Ou seja, lançá-los à morte, na prática.

A ambição é uma força vigorosa a impulsionar o ser humano a transcender seus limites, ir em busca de seus sonhos e romper com a mesmice. Querer alcançar algo maior — poder, riqueza, conhecimento, fama, glória — pode transformar o mundo. No entanto, essa vontade de derrubar as barreiras do possível e mudar o futuro tem seu quê de cruel ambiguidade. A ambição cega, corrompe e arrasta indivíduos para a egolatria e para a solidão. Grandes impérios ascenderam e foram ao chão pela sanha da hegemonia. Ainda assim, é forçoso reconhecer que os maiores avanços, nas artes, na ciência, na política, partem da criatividade e no dom visionário de quem ousa desafiar o estabelecido. O busílis é, portanto, domar a ambição, mas não sufocá-la. Quando bem-direcionados, esforços por progresso convertem-se no primeiro tijolo de um palácio; se saem do controle, são o prenúncio da tragédia.

A História está repleta de armadilhas que distorcem a realidade dos fatos. Escrita pelos vencedores, ela apaga as vozes dissidentes, minimiza injustiças e glorifica a violência, e o passado torna-se um instrumento dos poderosos de turno, que tratam de reforçar narrativas convenientes aos grupos dominantes. O revisionismo histórico, verdadeira praga nessa era da desinformação, ancora-se na descrença do cidadão, que não sabe mais a quem dar ouvidos, fenômeno encarnado também (e principalmente) por líderes populistas e irresponsáveis. O cinema ilumina as trevas do obscurantismo, do negacionismo, da ignorância, como se assiste nos sete filmes desta lista, tramas em que gênios e homens comuns travam batalhas duras contra um meio adverso e sua própria tepidez para não sucumbir.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.