4 novas séries do streaming que merecem um Emmy, um processo e um abraço Divulgação / Apple TV+

4 novas séries do streaming que merecem um Emmy, um processo e um abraço

Nem toda série nasce para ser apenas amada. Algumas chegam como avalanche emocional, outras como objeto de culto instantâneo, e há ainda aquelas que, de tão audaciosas, nos deixam divididos entre o aplauso, a denúncia e o cafuné. As produções recentes do streaming sabem que o espectador de 2025 não quer apenas entretenimento: ele quer impacto, meme, polêmica, uma frase de efeito por episódio e, de preferência, um colapso emocional leve, porém recorrente. É nesse contexto que surgem quatro títulos absolutamente impossíveis de ignorar: narrativas que desafiam gêneros, subvertem convenções e carregam nas costas tanto a glória do risco quanto a sentença iminente da crítica. Assistir a essas obras é como morder uma fruta exótica, ora doce, ora ácida, mas sempre inesquecível. E se houver alguma reação alérgica, que venha acompanhada de uma estatueta dourada.

No tribunal das séries contemporâneas, onde o júri é formado por trending topics, podcasts analíticos e surtos coletivos no X (antigo Twitter), essas obras se apresentam como réus de luxo. Elas flertam com o absurdo e namoram o brilhantismo, transitando entre o experimentalismo deliberado e a manipulação emocional sem pedir licença. Há quem as veja como obras-primas da pós-modernidade televisiva; há quem queira processá-las por danos existenciais, e ambos os lados estão certos. Porque quando uma série decide, de fato, perturbar a zona de conforto, seja com narrativas fragmentadas, atuações hipnóticas ou uma estética que parece saída de um sonho febril, ela deixa de ser mero conteúdo. Vira fenômeno. Vira discussão de bar, objeto de ensaio acadêmico, ameaça às estruturas do sono alheio. E, claro, candidata legítima a prêmios, protestos e declarações apaixonadas.

Mas também há beleza no caos. Entre os excessos, brilham momentos de humanidade radical, diálogos que parecem nos observar por dentro e performances que exigem, no mínimo, um abraço para o elenco, para o criador e, principalmente, para o espectador sobrevivente. Porque em tempos de algoritmos, onde tudo é mensurado por engajamento e retenção de audiência, essas séries optam por um caminho menos seguro: o da fricção, do incômodo, da pergunta sem resposta. E talvez seja justamente por isso que mereçam atenção. Elas não querem ser só consumidas; querem ser sentidas, debatidas, contraditas. É difícil sair ileso. E é esse o ponto. Entre o Emmy merecido, o processo simbólico e o afeto sincero, há uma provocação que ultrapassa o entretenimento e toca, às vezes com delicadeza, às vezes com força, o nervo exposto da nossa cultura audiovisual.