6 livros tão belos e brutais que você vai desejar nunca tê-los lido — e, ainda assim, desejar relê-los para sempre

6 livros tão belos e brutais que você vai desejar nunca tê-los lido — e, ainda assim, desejar relê-los para sempre

Há livros que nos acolhem. Outros, nos empurram. E há os que fazem as duas coisas ao mesmo tempo — sem nos dar tempo para entender o que, afinal, sentimos primeiro. São obras que se aproximam devagar, quase com delicadeza, mas logo rasgam algo por dentro, como quem abre uma carta antiga que não se queria mais ler. Porque sabíamos. Sabíamos que doeria. Mas abrimos mesmo assim.

É difícil explicar por que buscamos justamente essas leituras. Não é por gosto pela dor, tampouco por vaidade intelectual. Talvez seja algo mais íntimo, mais impronunciável: a suspeita de que certos livros nos reconhecem antes mesmo que a gente os compreenda. Como se já nos lessem, antes de serem lidos.

Eles não nos ferem gratuitamente. Pelo contrário. São belos — e é isso que torna tudo ainda mais difícil. Porque a beleza, quando vem acompanhada de verdade, de perda, de lucidez, não alivia. Arde. E, no entanto, não conseguimos largá-la. Há uma cena, uma frase, um gesto narrado que nos persegue. Às vezes, basta uma vírgula no lugar certo. Um nome que nunca foi dito. Uma ausência que ocupa a página inteira.

Esses livros não são os mais comentados, nem os mais vendidos. Mas há quem volte a eles como quem volta a um velório — não por desejo, mas por amor. Porque algo nosso ficou ali, no meio da história, e ainda sangra um pouco.

Ler essas obras é como ouvir uma música que faz doer o peito — e, mesmo assim, apertar o play de novo.

Por isso esta lista não é sobre recomendações. É um aviso. Um sussurro, talvez. Se escolher abrir qualquer um desses livros, saiba: alguma parte sua vai se partir. E, quando terminar, você não vai conseguir decidir se foi um castigo ou uma dádiva. Talvez tenha sido os dois. Talvez seja isso que a literatura de verdade faz.

Carlos Willian Leite

Jornalista especializado em jornalismo cultural e enojornalismo, com foco na análise técnica de vinhos e na cobertura do mercado editorial e audiovisual, especialmente plataformas de streaming. É sócio da Eureka Comunicação, agência de gestão de crises e planejamento estratégico em redes sociais, e fundador da Bula Livros, dedicada à publicação de obras literárias contemporâneas e clássicas.