Tão curtos quanto inesquecíveis: em 2 horas, um destes 7 livros pode mudar o seu dia

Tão curtos quanto inesquecíveis: em 2 horas, um destes 7 livros pode mudar o seu dia

Às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma brecha — duas horas, vá lá — para que alguma coisa nos desestabilize de leve. Não falo de um escândalo, um abalo sísmico da alma. Falo de uma rachadura pequena, quase íntima, por onde escorre a sensação de que ainda sentimos. Nestes livros curtos, quase delicadamente breves, há isso: um ponto de virada sutil. São histórias que não esperam muito de você, mas deixam algo em troca — como quem passa por um cômodo e, sem dizer nada, acende a luz.

É claro que o tempo também conta. E os dias têm sido duros, longos, barulhentos demais. Então há um conforto honesto em saber que, ao fim de cem páginas — ou menos — você pode sair de um livro diferente de como entrou. Pode ser uma lembrança que arde, uma imagem que fica, uma frase que você nem entende por que repetiu em voz baixa. Mas ficou. Esses livros, em sua secura ou delicadeza, não gritam para chamar atenção. Eles cochicham, como quem sabe que o essencial não se anuncia.

Talvez seja justamente isso que os torne tão difíceis de esquecer. A economia da linguagem, o silêncio entre as frases, a escolha exata de uma palavra que poderia ter sido outra, mas não foi. Eles têm algo de música lenta, daquelas que se ouve sozinho, com fones — e que, mesmo sem refrão, ficam reverberando dias depois. Há tristeza, sim. Há beleza, há susto, há coisas que não se nomeiam. Mas, sobretudo, há humanidade: imperfeita, cambaleante, real.

Não espere enredos monumentais. Não é isso. Alguns desses livros se passam num quarto, outros numa memória que quase já se perdeu. O que importa é que, ao terminá-los, a sensação é de que alguém olhou dentro de você — e viu. São leituras que não querem explicar o mundo. Elas só querem, quem sabe, acompanhá-lo por um trecho breve da estrada, como um estranho gentil que se senta ao seu lado num banco de praça e fala de coisas que você nem sabia que precisava ouvir.

Sim, são curtos. Podem ser lidos numa tarde chuvosa, numa viagem de ônibus, num domingo que sobrou. Mas não se engane com o tamanho. O que eles carregam não cabe em número de páginas. Porque alguns livros — os mais raros — não passam. Eles permanecem. E, às vezes, mudam o dia. Ou você.

Carlos Willian Leite

Jornalista especializado em jornalismo cultural e enojornalismo, com foco na análise técnica de vinhos e na cobertura do mercado editorial e audiovisual, especialmente plataformas de streaming. É sócio da Eureka Comunicação, agência de gestão de crises e planejamento estratégico em redes sociais, e fundador da Bula Livros, dedicada à publicação de obras literárias contemporâneas e clássicas.