Livros

O Último Homem Branco, de Mohsin Hamid Foto / Companhia das Letras

O Último Homem Branco, de Mohsin Hamid

Ao despertar em uma manhã, Anders, originalmente de pele clara, acordou para uma realidade inesperada: sua pele havia mudado para um tom marrom escuro incontestável. Esse surpreendente despertar marca o ponto de partida de uma narrativa kafkiana, na qual a transformação física do personagem serve como catalisador para uma profunda revisão de perspectivas. A alteração em sua aparência o conduz por um caminho de descobertas, revelando aspectos da vida e da sociedade que permaneciam ocultos aos seus olhos.

Os romances espelhados de Natalia Ginzburg

Os romances espelhados de Natalia Ginzburg

A cronologia não há de ser um problema incontornável, mas a leitura de “Todos os Nossos Ontens” calhou de ser anterior ao “Léxico Familiar”, representantes da escrita colorida da italiana Natalia Ginzburg. Pela ordem dos fatores, “Léxico Familiar” deveria ter tido a primazia do primeiro encontro. Lançado em 1958, ele antecede “Todos os Nossos Ontens” em exata meia década. Não se trata de uma linha evolutiva imprescindível para o sabor da descoberta. O sentido da viagem não altera a efusão do movimento.

Tungstênio, de César Vallejo

Tungstênio, de César Vallejo

Num cenário pré-guerra mundial, a empresa fictícia norte-americana Mining Society explora o tungstênio nas minas da região serrana de Colca, no Peru. O lugar é pobre e atrasado e a ambição dos empresários, somada aos interesses dos políticos e comerciantes locais, faz com que a exploração aconteça para além do metal. Os índios, supostamente ingênuos, são obrigados a trabalhar nas minas como escravos, sob a alegação de que cometeram o crime de deserção.

A Vida e Época de Michael K, de J. M. Coetzee

A Vida e Época de Michael K, de J. M. Coetzee

O romance, que rendeu a Coetzee o Man Booker Prize, desvenda a trajetória de um homem que, em meio a uma guerra civil, decide levar sua mãe à fazenda onde ela nasceu, para que ela possa viver seus últimos dias. Transformado em andarilho e entre fugas e prisões, enfrenta campos de reabilitação e é progressivamente despojado dos elementos que o conectam à realidade, mergulhando em um processo instintivo de animalização, mas, ao mesmo tempo, entrando em um estado de esquecimento e plenitude espiritual que transcende o tempo cronológico convencional.

Um mapa das regiões literárias do Brasil

Um mapa das regiões literárias do Brasil

A divisão geográfica da cultura andou fora de moda por uns tempos. Nas últimas três décadas, a globalização fez muita gente acreditar na falta de importância da nação e de um país na produção artística. A ficção brasileira contemporânea, por exemplo, chegou ao ponto de achar que ela mesma brotava de um não-lugar, um lugar nenhum e sem pátria. Deu com os burros n’água porque a literatura do mundo inteiro valoriza o espaço. A paisagem, a fala local, ainda contam e narram muito.