Autor: Solemar Oliveira

A Última Tentação: a obra-prima que consagrou Nikos Kazantzákis

A Última Tentação: a obra-prima que consagrou Nikos Kazantzákis

Nikos Kazantzakis oferece uma visão profundamente humana e complexa de Jesus, desafiando as concepções tradicionais com um retrato que mescla divindade e humanidade. Martin Scorsese, capturando a essência dessa narrativa, transformou-a em um filme que explora os conflitos internos e as tentações enfrentadas por Jesus de maneira única e provocativa. O filme não apenas retrata um Jesus que luta com sua missão e identidade, mas também apresenta um diálogo intenso entre fé e dúvida, encarnação e espírito. Esta abordagem, rica em simbolismo e questionamentos teológicos, oferece uma perspectiva rara sobre a figura mais enigmática da história.

A Hora da Estrela — Clarice cria seu próprio Prometeu e rouba o fogo dos deuses

A Hora da Estrela — Clarice cria seu próprio Prometeu e rouba o fogo dos deuses

Clarice conta uma história que acontece com um narrador que quer falar de uma mulher. Uma mulher que o ancora em uma rotina que, à medida que a novela evolui, o transforma em completo dependente do porvir que ele mesmo inventa. Especialmente, da relação que institui com a personagem, que cria e estabelece ao passo que a conhece. É um sistema retroalimentado, como em geral deve ser. Ele dá características para a personagem, ela o atrai para dentro de seu universo, e dali saem novas características que vão, na medida dessa evolução, transformando-a em um ser tridimensional e verossímil.

A Mercadoria Mais Preciosa — Uma Fábula, de Jean-Claude Grumberg

A Mercadoria Mais Preciosa — Uma Fábula, de Jean-Claude Grumberg

Li “A Mercadoria Mais Preciosa – Uma Fábula”, de Jean-Claude Grumberg. É o livro mais simples, direto e contundente que li esse ano. Apesar das afirmações do autor de que nada ali é verdade, nada além do amor possível e improvável entre humanos, que parece um estranho no cenário da segunda guerra mundial e do extermínio em massa de judeus, o livro é o retrato de uma realidade histórica terrível.

É a Ales, de Jon Fosse

É a Ales, de Jon Fosse

Li “É a Ales”, de Jon Fosse, e fiquei desconfiado. Em tempo, explicarei. Se o livro não carregasse timbrado o logo de ganhador do Prêmio no Nobel, por causa de seu título cacofônico talvez ficaria encalhado nas prateleiras das livrarias. Para além desse detalhe, o livro é peculiar, não exatamente num bom sentido. Fosse empenha-se, claramente, em desenvolver uma estilística única, diferenciada. Em grande parte do livro, a história efetivamente não acontece. Os eventos são arrastados, fazem pouco sentido, estão imersos numa neblina fria e na descrição vertiginosa do autor. Talvez seja culpa do clima norueguês.

Universos Breves, de Francisca Noguerol

Universos Breves, de Francisca Noguerol

Escrever microcontos é um exercício de minimalismo. É a arte de dizer muito com pouquíssimas palavras. Mais do que isso, é contar uma história com início, meio e fim, sem abusar do número de caracteres. Por isso, o microconto emprega o conceito da elaboração de contos em sua máxima expressão. Se para Júlio Cortázar o conto deve ser como uma esfera, perfeito em todos os sentidos, o microconto seria uma metaesfera.