Um filme tem seu destino mais ou menos traçado quando vira musical, e foi isso o que se deu com “A Cor Púrpura”. A natureza esfuziante do trabalho de Blitz Bazawule ofusca o que Alice Walker quis contar no romance homônimo publicado em 1982, uma história de fé e irmandade entre mulheres nos anos que se seguiram à abolição da escravatura nos Estados Unidos.
Entre os lançamentos recentes da Netflix, alguns filmes têm passado discretamente, apesar de entregarem mais densidade narrativa, consistência temática e desempenho técnico do que muitos títulos promovidos com alarde. Nem sempre é a capa ou o nome que revela isso. Em alguns casos, são diretores em transição criativa, obras baseadas em eventos reais ou sequências que optaram por amadurecer em vez de repetir fórmula. A seguir, cinco produções que chegaram ao streaming nos últimos meses e que surpreendem justamente por aquilo que não aparentam.
Nem todos os filmes disponíveis em plataformas de streaming precisam ser grandes descobertas para valer a pena. Alguns se destacam justamente por evitar exageros e apostar em roteiros bem estruturados, atuações sólidas e direção consciente. É o caso desses quatro títulos disponíveis na Netflix, que não prometem revoluções narrativas, mas entregam tensão bem conduzida, bons diálogos e escolhas que respeitam a inteligência do espectador. Cada um à sua maneira, eles mostram que o cinema pode funcionar sem pressa, sem ruído e, sobretudo, sem subestimar quem assiste.
“As Duas Faces de um Crime”, dirigido por Gregory Hoblit em 1996, apresenta-se como um thriller jurídico tradicional, mas é mais ambicioso do que sua forma inicial sugere. Baseado no romance homônimo de William Diehl, o filme utiliza o tribunal não como espaço de justiça, mas como arena de encenação moral. É ali que o espectador assiste a uma sequência de performances tão convincentes quanto perturbadoras, onde as categorias de certo e errado são constantemente desmontadas. Nada é confiável, nem o que se vê, nem o que se diz.
Alguns tesouros cinematográficos receberam aclamação, arrancaram elogios do público e ganharam destaque durante um bom tempo. Depois, acabaram empurrados cada vez mais para o fundo das prateleiras da Netflix, até sumirem de vez. Nesta lista, ressuscitamos algumas dessas produções de ouro que não merecem ficar esquecidas. Pelo contrário: merecem ser relembradas e redescobertas. São obras tão boas que deveriam estar emolduradas, mas, por algum motivo, acabaram empoeiradas.
