Bula conteúdo

Os 20 melhores livros de 2025: 10 brasileiros e 10 internacionais

Os 20 melhores livros de 2025: 10 brasileiros e 10 internacionais

Até 2024, a lista anual da Revista Bula era apurada por enquetes na newsletter e nas redes sociais. Em 2025, a revista manteve o voto do público e acrescentou, pela primeira vez, uma curadoria com 30 convidados — escritores, jornalistas, editores e leitores — com votos publicados voto a voto. A apuração considera menções por obra. O Top 10 é ordenado pela recorrência na curadoria; a newsletter entra como complemento, e a estrela marca coincidências com os títulos mais citados pelos leitores

O caso das estranhas coincidências

O caso das estranhas coincidências

Na literatura brasileira, personagens célebres vivem ressuscitando em novas tramas. Brás Cubas, Quincas Borba e Capitu voltam à cena, desta vez sob a luz da investigação. Um escritor percebe, num anúncio editorial, a sombra inquietante de sua própria ideia: um detetive vitoriano sondando o suposto adultério de Capitu. Entre Paris, Rio e Londres, surgem Dupin, Humanitismo, vampiros e e-mails ignorados. Coincidência? Ou mais um mistério do mercado do livro? A recusa de uma editora acende dúvidas sobre autoria e destino.

Adélia Prado faz 90 anos. A palavra é mais forte que o poder Foto / Nana Moraes

Adélia Prado faz 90 anos. A palavra é mais forte que o poder

Divinópolis, 1950. Chove. Os trilhos da Oeste de Minas reluzem quando o relâmpago abre a noite; o rádio chia notícias do pós-guerra, gols ainda por vir, promessas de um país em marcha. A missa segue em latim, o fogão a lenha dita o ritmo da cozinha, a cidade cresce entre metal e tecido, e uma casa respira trabalho, fé, fome de futuro. É o ano em que o Brasil perde uma Copa e ela perde a mãe. O pires tilinta, o orvalho pendura pérolas na couve, a cantiga antiga insiste. A menina escuta. Puxa o ar que falta e escreve. O verso inaugural rompe o silêncio e dá borda à dor.

“A epopeia da idiotice humana”

“A epopeia da idiotice humana”

Nesta nova tradução comentada de Bouvard e Pécuchet, clássico absoluto de Flaubert, acompanhamos dois copistas mergulhando em saberes de segunda mão e fracassando estrondosamente em tudo o que tentam. O romance escancara a idiotice humana que hoje se espalha por fake news, grupos de ódio, gurus improvisados e certezas rasas nas redes. Em um mundo que abandona livros, ciência e história, Flaubert oferece um retrato satírico e brutalmente atual da cultura superficial que nos cerca e expõe com ironia feroz.

Clarice Lispector, 105 anos, e a revolução silenciosa que transformou para sempre a literatura brasileira

Clarice Lispector, 105 anos, e a revolução silenciosa que transformou para sempre a literatura brasileira

A luz do estúdio é reta, quase clínica. A câmera avança até encontrar uma mulher de rosto exausto, cabelos presos sem rigor, cigarro entre dedos que tremem de leve. Ela responde devagar, o olhar se desvia por um segundo para fora do quadro, como se algo atrás da lente a chamasse. A voz é baixa, áspera, arrasta vogais, esconde o riso. Fala de infância, de escrita, do desconforto de estar ali.