Razão e sensibilidade em Romeu e Julieta

Razão e sensibilidade em Romeu e Julieta

Muito mais que uma infeliz história de amor — consumida por seu sucesso, popularizada e consequentemente subestimada —, “Romeu e Julieta” é uma grande demonstração de como nossas escolhas são consequenciais e nunca devemos seguir somente aos impulsos do coração. A peça ainda nos dá, nesse esquema entre o razoável e o sensível, dois caminhos possíveis. Um, o de Mercúcio: cético, amoral, hedonista. Outro, de Frei Lourenço: parcimonioso, frugal e ao mesmo tempo engenhoso e corajoso. Ele nunca sugere a Romeu ou Julieta a contemplação: lutem pela felicidade, mas façam com responsabilidade.

Ser indiferente a o que está acontecendo não deixa de ser uma forma de cumplicidade

Ser indiferente a o que está acontecendo não deixa de ser uma forma de cumplicidade

O Brasil, a despeito disso, parece estar em um multiverso desconexo. Populares saem às ruas com suas bandeiras e camisas verde-amarelas para exaltar uma figura como herói e recriminar todas as instituições que estejam a arranhar essa imagem mitificada. Esse contraponto, com pessoas aglomeradas, munidas de negacionismos e síndrome de perseguições, conta com a participação eloquente do próprio presidente, que surge sempre orgulhoso de seus adeptos cegos.

Brasil, entre o soco e o grito

Brasil, entre o soco e o grito

O Brasil parece que virou um videogame multiplayer gigante, onde a única solução é explodir tudo e todos até acabar com o outro time. Como videogame poderia ser divertido. Mas trata-se da vida real, então a questão não é ser divertido. Não importa quem ganhe, na vida real o time perdedor continua no jogo. Perdedores e vencedores têm que conviver.