Que saudade do colo da minha mãe

Que saudade do colo da minha mãe

Quando ela disse que queria sumir, que queria se matar, eu fiquei muito preocupado. A cena era de fazer dó. Contorcia-se no chão em total descontrole, curvada, encolhida, parecia uma cadela friorenta, um farrapo humano com as mãos na cabeça, em posição fetal. Só que ela era uma mulher de trinta e poucos anos a implorar, nas entrelinhas e de forma miserável, o retorno imediato para a pasmaceira do claustro uterino materno. Achei aquele espetáculo deplorável além da conta, então, fiz de tudo para tentar acalmá-la. Era casada, tinha três filhos e trabalhava na empresa que cuidava da limpeza e manutenção da clínica. Foi a primeira vez que nos falamos pra valer. E nossa conversa doeu.

Os filhos são do mundo, mas nunca deixarão de ser o mundo das mães

Os filhos são do mundo, mas nunca deixarão de ser o mundo das mães

Mãe vive chorando. E como chora. Chora desde a descoberta de que ama a sua cria mais que a si mesma. Ama com uma intensidade e honestidade que jamais pensara amar alguém, assim, um dia. Ama antes de conhecer o seu filhote e ama ainda mais quando o tem em seus braços. Segura no colo um pedacinho dela, a criatura mais linda que seus olhos já viram. Tão dependente do seu amor e de seus cuidados… Indefeso, frágil, miúdo. E o mais incrível: seu.

“Com as pessoas que nós inventamos, só teremos amores imaginários”

“Com as pessoas que nós inventamos, só teremos amores imaginários”

O que amamos no outro, muitas vezes, não é o que ele é, mas o que queremos que ele seja. E quando há decepção, a cortina se abre junto à sensação de que essa pessoa nunca existiu. Ela era uma construção do que desejamos encontrar em alguém. Era fruto do amor idealizado, impalpável, inventado. O amor que não se aproxima, não toca, não envolve, só existe no mundo das ideias. O amor que não suporta, não sobreleva, que não ousa se submeter ao outro.

Os 10 melhores poemas de João Cabral de Melo Neto

Pedimos aos leitores e colaboradores que apontassem os poemas mais significativos de João Cabral de Melo Neto. Poeta e diplomata, João Cabral de Melo Neto inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil. Guiado pelo raciocínio e avesso a confessionalismos sua obra é caracterizada pelo rigor estético e pelo uso de rimas toantes. Divide com Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira o título de maior poeta brasileiro pós-1940.